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Rotação de ações em mercados emergentes está longe de acabar. Entenda

Investidores de mercados emergentes têm trocado ações de crescimento por papéis de valor no ritmo mais rápido em mais de uma década.

Painel com cotações na B3, a bolsa brasileira (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na B3, a bolsa brasileira (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 20 de novembro de 2020 às 10h19.

Última atualização em 20 de novembro de 2020 às 10h42.

(Bloomberg) -- Investidores de mercados emergentes têm trocado ações de crescimento por papéis de valor no ritmo mais rápido em mais de uma década. E alguns dizem que a tendência pode durar até outros 12 meses.

Ações de crescimento são aquelas cujos múltiplos (como a relação entre a cotação e o lucro por ação, o PL, na sigla em inglês) são elevados, mas que os investidores acreditam que o acelerado crescimento da companhia vai reduzi-los.

Ações de valor, por outro lado, são aquelas cujas cotações estão abaixo do que as empresas já entregam de resultado.

A rotação impulsionada pelo avanço de vacinas contra o coronavírus e as eleições presidenciais dos Estados Unidos deve favorecer ações de países como México e Indonésia, em detrimento de mercados como China e Taiwan, segundo a AMP Capital Investors.

A Eastspring Investments aposta na África do Sul, onde o desempenho das ações está abaixo dos pares neste ano, enquanto a UBS Wealth Management afirma que a rotação para ações de valor pode durar até um ano.

Uma forma de classificar países em desenvolvimento em termos de valor ou crescimento é observar como seu desempenho é correlacionado com o indicador para os índices de crescimento e de valor da MSCI, um dos índices globais de referência. As duas leituras positivas mais altas em uma análise de Bloomberg de 18 mercados são da China e Taiwan, confirmando sua posição como líderes de crescimento, enquanto as mais baixas incluem países como Tailândia, Hungria e Brasil.

“A obsessão sobre o que acontecerá amanhã ou na próxima semana deixou empresas de tecnologia com prejuízo inundadas de capital, enquanto áreas com lucro, mas economicamente sensíveis, foram totalmente deixadas para trás”, disse Nader Naeimi, responsável por mercados dinâmicos na AMP Capital Investors, em Sydney, que administra US$ 137 bilhões.

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“Quando o excesso de oferta monetária global é abundante, isso deixa muito espaço para reclassificação nas áreas esquecidas.”

Naeimi diz que suas principais apostas incluem países do Sudeste Asiático, como Malásia, Tailândia e Indonésia, em vez de mercados do norte da Ásia de alta tecnologia, como Coreia do Sul e Taiwan. Na América Latina, ele gosta do Brasil, México e Chile.

Lanterninhas

A rotação para valor que dominou os mercados financeiros globais neste mês é impulsionada por investidores que buscam setores que ficaram para trás, quando o choque do coronavírus favoreceu ações de crescimento em segmentos como o de tecnologia. Nos mercados emergentes, as ações de valor superam as de crescimento com a maior diferença desde 2008, e o indicador entre os dois grupos mostra alta de 8% neste mês.

Fundos globais de valor registraram as maiores entradas neste ano na semana encerrada em 18 de novembro, de US$ 4,3 bilhões, em comparação com os fundos de crescimento, que receberam apenas US$ 493 milhões, de acordo com relatório da Jefferies Financial, que citou dados da EPFR Global.

Países com altas classificações de valor lideraram os ganhos no mês passado. O índice acionário de referência das Filipinas superou todos os outros principais mercados emergentes, com ganho de 17% em moeda local. Na Tailândia, o indicador subiu 14% e, no México, a alta foi de 11%. Na outra ponta do espectro, o índice de referência de Taiwan ganhou apenas 6,5%, e o índice Shanghai Composite da China subiu 1,1%.

‘Entrada sustentada’

A UBS Wealth Management diz que a negociação de rotação poderia ser mais sustentada do que o normal.

“Com programas em massa de estímulo fiscal alimentando economias e a reativação da demanda reprimida graças às vacinas, [o setor de] valor poderia ter entrada mais sustentada, em particular, quando as taxas de juros começarem a subir”, disse Adrian Zuercher, responsável por alocação global de ativos da UBS Wealth, em Hong Kong.

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