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Três cortes de juros na Europa buscam conter abalos tarifários dos EUA

Em pouco mais de 24 horas, Suíça, Suécia e Noruega reduziram suas taxas, enquanto Fed, o bc americano, e os bancos do Japão e o da Inglaterra as mantiveram inalteradas

Tensões acontecem em meio à expectativa pelo prazo de 9 de julho, quando os EUA podem reintroduzir tarifas comerciais (Brendan Smialowski/AFP)

Tensões acontecem em meio à expectativa pelo prazo de 9 de julho, quando os EUA podem reintroduzir tarifas comerciais (Brendan Smialowski/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 19 de junho de 2025 às 11h30.

Três cortes nas taxas de juros realizadas por bancos centrais da Europa em pouco mais de 24 horas destacaram uma mudança de rumo, à medida que autoridades monetárias tentam lidar com as consequências das imprevisíveis políticas comerciais de Donald Trump.

Autoridades monetárias da Suíça e da Suécia haviam indicado, ainda em março, que provavelmente encerrariam o ciclo de flexibilização, mas o Banco Nacional Suíço (SNB) baixou sua taxa de juros para zero, uma redução de um quarto de ponto nesta quinta-feira, após um movimento semelhante do Riksbank da Suécia um dia antes.

A guinada da Noruega, também nesta quinta-feira, foi ainda mais dramática, com mais um corte de um quarto de ponto percentual — medida que nenhum dos economistas consultados pela Bloomberg havia previsto.

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Com decisões de política monetária programadas para esta semana por pelo menos 18 bancos centrais que administram mais de 40% da economia global, o afrouxamento monetário em partes da Europa contrasta com a abordagem de esperar para ver que predomina no restante do mundo.

O Federal Reserve dos Estados Unidos, o Banco do Japão e o Banco da Inglaterra mantiveram suas taxas inalteradas, assim como as autoridades monetárias do Paquistão, Turquia e Chile.

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Tudo isso ocorre em meio à expectativa pelo prazo de 9 de julho, quando os EUA podem reintroduzir tarifas comerciais punitivas em escala global. Combinado à contínua incerteza em relação à guerra na Ucrânia e a uma possível ofensiva dos EUA contra o Irã, esse cenário tem deixado os formuladores de políticas reticentes ou incapazes de agir.

Os motivos para os cortes de juros na Suécia, Noruega e Suíça estão todos relacionados à inflação — embora os contextos sejam diferentes.

Entenda a política monetária nesses países:

Na Suíça, os preços ao consumidor caíram 0,1% em relação ao ano anterior em maio, e novas projeções publicadas nesta quinta-feira pelo Banco Nacional Suíço indicam que a inflação deve ficar em apenas 0,2% este ano. Isso se deve principalmente ao franco suíço, considerado uma moeda de refúgio, que se valorizou frente ao dólar e ao euro desde a posse de Trump.

Na Suécia, as pressões inflacionárias diminuíram após um pico temporário no início do ano e à medida que uma recuperação incipiente na maior economia nórdica perdeu força. Isso abriu espaço para mais estímulos, disse o presidente do Riksbank, Erik Thedéen, na quarta-feira. A coroa sueca tem sido a moeda com melhor desempenho neste ano entre os países do G-10, com alta de 15% em relação ao dólar, o que também ajuda a reduzir o risco de inflação importada.

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Na Noruega, o crescimento dos preços tem sido mais persistente ao longo do último ano, em parte devido ao desempenho mais fraco da coroa norueguesa. Ainda assim, uma medida central da inflação ao consumidor no mês passado atingiu o menor nível do ano — 2,8%. O banco central da Noruega agora projeta que a inflação geral no próximo ano será de 2,2%, abaixo dos 2,7% estimados em março, enquanto a inflação deste ano ainda é estimada em 3%.

As três instituições também se encontram em fases muito diferentes de suas trajetórias de política monetária: o movimento da Noruega nesta quinta-feira é sua primeira redução nos custos de empréstimos desde a pandemia, enquanto Suécia e Suíça realizaram, respectivamente, o sétimo e o sexto corte. O que as une, no entanto, é o fato de que todas podem cortar novamente.

Thedéen, do Riksbank, e Ida Wolden Bache, presidente do Norges Bank, disseram isso a repórteres, enquanto Martin Schlegel, presidente do Banco Nacional Suíço, não descartou essa possibilidade — mesmo que isso leve a taxa suíça de volta ao território negativo.

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