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Três bancos cancelam captações após caso Panamericano

Bradesco, BicBanco e BVA adiaram suas emissões após o custo do financiamento subir ao maior nível em 7 semanas

Bradesco: 2º maior banco brasileiro adiou captação externa por volatilidade do mercado (Egberto Nogueira/EXAME)

Bradesco: 2º maior banco brasileiro adiou captação externa por volatilidade do mercado (Egberto Nogueira/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2011 às 14h13.

Nova York/São Paulo - O Banco Bradesco SA e o Banco Industrial e Comercial SA decidiram cancelar emissões de dívida com a piora das condições de mercado. A crise de crédito na Europa e a investigação de possível fraude no Banco Panamericano SA elevaram o custo de financiamento das empresas brasileiras no exterior para o nível mais alto em sete semanas.

O rendimento médio dos títulos externos de empresas brasileiras subiu 12 pontos-base ontem para 6,07 por cento, o mais elevado desde 24 de setembro, de acordo com o índice CEMBI do JPMorgan Chase & Co. Para a Rússia, o aumento foi de 10 pontos-base e, para a Índia, de 3 pontos-base. Bônus de mercados emergentes caíram e as bolsas globais despencaram com especulações de que a crise da dívida na Irlanda, Grécia e Portugal está se agravando.

O Banco BVA SA adiou uma captação na semana passada.

“O que estamos vendo é uma combinação de aversão a risco com a queda dos mercados e as preocupações com o Panamericano”, disse Jack Deino, que administra US$ 1,6 bilhão em dívida de mercados emergentes na Invesco Inc. em Nova York. “Obviamente há incerteza em relação ao Panamericano. Os investidores estão olhando para todo esse setor e se dando conta de que a faixa de preço deveria ser mais ampla e então há uma reação automática de venda de títulos de bancos.”

O rendimento dos títulos em dólar do Panamericano com vencimento em 2020 saltou de 7,4 por cento para 10,1 por cento após o resgate de R$ 2,5 bilhões com recursos do Fundo Garantidor de Crédito.

‘Volatilidade’

O rendimento adicional exigido pelos investidores para deter dívida de nações emergentes em vez de títulos do Tesouro americano subiu ontem 19 pontos-base, ou 0,19 ponto percentual, a maior alta desde 4 de junho, para 2,56 pontos percentuais, de acordo com o índice EMBI+ do JPMorgan. O Índice Global MSCI, um indicador das bolsas globais, despencou 1,3 por cento. O prêmio exigido nos títulos brasileiros em dólares aumentou 16 pontos- base para 187, o maior desde 20 de outubro.

O Banco Bradesco, segundo maior do Brasil por valor de mercado, suspendeu uma captação externa em reais por causa da “volatilidade” do mercado, disse a diretora departamental Marlene Millan numa entrevista por telefone de São Paulo. Ela disse que o banco tinha um livro de reservas “bem robusto” para a emissão. O rendimento dos bônus subordinados do Bradesco com vencimento em 2021 subiu 2 pontos-base para 5,82 por cento.

“Nós estávamos preparados para fechar e precificar a operação agora à tarde, mas o mercado ficou muito volátil”, disse ela ontem. “Nós resolvemos então retirar a operação até para poder dar ao investidor a oportunidade de olhá-la num cenário de menos volatilidade, numa condição normal de mercado. Optamos por deixar para um momento mais favorável.”

Menos risco

O Banco Industrial e Comercial, sediado em São Paulo, disse em um comunicado ontem que havia suspendido uma emissão de debêntures por causa das “condições do mercado”. Telefonemas para o BicBanco em São Paulo após o horário comercial não foram atendidos. O BicBanco pretendia fazer uma captação de até R$ 200 milhões com papéis de dois anos, segundo um comunicado de 31 de outubro.

As transações adiadas são “uma resposta à queda no apetite por risco em todo o mundo”, disse Eduardo Suarez, estrategista de mercados emergentes da RBC Capital Markets em Toronto.

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