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Traders acertam na América do Sul ao duvidar de bancos centrais

No Brasil, eles precificaram um aumento da Selic em junho, mesmo quando as autoridades sinalizaram sua intenção de parar de aumentar as taxas este mês

Juro: banco central disse em março que o atual ciclo de aperto era suficiente para reduzir a inflação em direção à meta no próximo ano (primeimages/Getty Images)

Juro: banco central disse em março que o atual ciclo de aperto era suficiente para reduzir a inflação em direção à meta no próximo ano (primeimages/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 9 de maio de 2022 às 10h05.

Traders de swaps de juros no Brasil, Chile e Colômbia duvidaram quando autoridades monetárias sinalizaram há alguns meses que tinham planos de parar seus ciclos de aperto. Esse ceticismo rendeu ganhos.

Os bancos centrais dos três países foram forçados a adotar um tom mais agressivo este mês à medida que o aumento nos preços das commodities e a fraqueza das moedas alimentam uma inflação desenfreada. Os formuladores de políticas nos três países se tornaram mais hawkish, seja entregando aumentos de juros acima do esperado ou sinalizando um aperto mais longo ou mais acentuado.

Os traders previram a mudança de tom. No Brasil, eles precificaram um aumento da Selic em junho, mesmo quando as autoridades sinalizaram sua intenção de parar de aumentar as taxas este mês, e os operadores de swap do Chile venceram os analistas ao apostar em um aumento maior, que foi posteriormente confirmado pelo banco central. Na Colômbia, os investidores precificaram as chances de um aperto mais agressivo mesmo antes da última reunião de política monetária mostrar um viés hawkish no conselho do banco central.

 

“A semana passada destacou o problema da inflação na região”, disse William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics em nota na sexta-feira. “Como era de se esperar, isso assustou os formuladores de política monetária.”

O tom mais hawkish também coincide com o maior aumento de juros do Federal Reserve desde 2000.

Os investidores globais se afastam das moedas vinculadas a commodities, ao mesmo tempo em que abandonam ativos de risco, devido ao aumento nos yields nos EUA. Depois de liderar ganhos entre as principais moedas do mundo no primeiro trimestre do ano, o real e os pesos colombiano e chileno começaram a se desvalorizar em abril e encerraram o mês negociados perto de suas mínimas do ano.

O banco central chileno aumentou a taxa básica em 1,25 ponto percentual na quinta-feira, superando a estimativa mediana de analistas consultados pela Bloomberg que anteciparam um movimento de um ponto percentual.

A curva de swaps do país, conhecida como Camara, mostrava uma taxa zero perto de 8,5% em um mês, o que implicava um aumento ainda maior da taxa, mesmo quando formuladores de política monetária enviaram sinais dovish em sua reunião de março, o que levou as taxas de curto prazo a cair momentaneamente.

Uma história semelhante aconteceu no Brasil, onde o banco central disse em março que o atual ciclo de aperto era suficiente para reduzir a inflação em direção à meta no próximo ano.

Os traders discordaram dessa visão e mantiveram um prêmio significativo na curva de juros para compensar o risco de o ciclo se estender até junho. Isso se mostrou acertado, com os dirigentes do BC na semana passada sinalizando um aumento adicional, de menor magnitude, para o próximo mês.

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