Mercados

Tombini mostra poder de fogo de US$ 352 bi e títulos disparam

Rendimentos dos papéis em reais do governo brasileiro com vencimento em 2022 caíram 1,03 ponto percentual

BC disse estar pronto para injetar dólares na economia caso a crise da dívida europeia continue  (Wikimedia Commons)

BC disse estar pronto para injetar dólares na economia caso a crise da dívida europeia continue (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2011 às 08h42.

São Paulo - Os títulos do governo brasileiro negociados no mercado internacional remunerados em reais estão registrando sua maior corrida trimestral em mais de um ano, com os sinais do Banco Central de que vai defender o real, depois de uma queda de 14 por cento em seis meses.

Os rendimentos dos papéis em reais do governo brasileiro com vencimento em 2022 caíram 1,03 ponto percentual, para 8,51 por cento nos três meses até 23 de dezembro, mostrando valorização dos títulos no mercado. A disparada dos papéis bateu a queda de 0,71 ponto percentual no rendimento de papéis do governo brasileiro com prazo similar atrelados ao dólar. Os rendimentos da dívida externa da Colômbia em pesos, com vencimento em 2021, caíram 0,5 ponto percentual no mesmo período, para 5,2 por cento, segundo a corretora Correval SA.

O BC disse, em 20 de dezembro, que está pronto para injetar dólares na economia caso a crise da dívida europeia continue a corroer a demanda por ativos de países emergentes. O real, a moeda que teve o terceiro pior desempenho este ano entre as 16 mais negociadas do mundo, teve valorização de 1,8 por cento no mês passado.

“Os investidores continuam com apetite por exposição em real”, disse Marcelo Salomon, economista-chefe para o Brasil no Barclays Plc em Nova York. “O Banco Central já sinalizou que vai ser provedor de linhas comerciais se houver uma desaceleração mais profunda dos empréstimos ‘cross-border’ e que vai prover liquidez em dólares nos momento de estresse.”

Reservas internacionais

O presidente do BC, Alexandre Tombini, dispõe de uma quantia quase recorde de reservas internacionais de US$ 352 bilhões, a maior do continente americano. Em 15 de dezembro, o BC ofereceu empréstimo em dólares aos bancos pela primeira vez desde a crise que sucedeu a quebra do Lehman Brothers Inc. em 2008. A autoridade monetária não aceitou nenhuma oferta apresentada no leilão.

O rendimento dos títulos em real com vencimento em janeiro de 2022 avançou três pontos-base para 8,51 por cento em 23 de dezembro. Já a taxa dos títulos em dólar com vencimento em janeiro de 2021 ficou praticamente inalterada em 3,35 por cento. O rendimento dos bônus em real caiu 119 pontos desde o início do ano.

A moeda brasileira teve desvalorização de 0,1 por cento ontem para R$ 1,8582 por dólar, ampliando a queda acumulada no ano para 11 por cento. Desde 22 de setembro, quando fechou na menor cotação em dois anos de R$ 1,9055 por dólar, o real avançou 2,6 por cento.

Em 22 de setembro, o BC ofereceu contratos de swap cambial pela primeira vez desde junho de 2009, desencadeando um ganho de 5,52 por cento no real em um período de três dias.


‘Desconfortável’

“A iniciativa do Banco Central foi para lembrar todo mundo de que estava desconfortável, que não quer que o dólar dispare”, disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo. “Ninguém vai querer enfrentar o Banco Central. Ele tem muitos dólares.”

Em comunicado enviado por e-mail, o BC não quis fazer comentários para esta reportagem.

Analistas projetam que o dólar vai cair para R$ 1,75 até o fim de 2012, de acordo com a estimativa mediana da pesquisa do BC com 100 profissionais publicada ontem.

Os Estados Unidos continuarão atraindo investidores em busca de proteção da crise financeira na Europa, limitando assim a apreciação do real, disse Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora SA, em entrevista por telefone de São Paulo.

Saída de dólares

Investidores retiraram US$ 9,3 bilhões do Brasil entre 1º de agosto e 16 de dezembro, segundo dados do BC. A saída pela via financeira foi compensada por uma entrada de US$ 20,9 bilhões por meio do comércio exterior.

O Brasil, que este ano ultrapassou o Reino Unido como sexta maior economia do mundo, vai continuar atraindo dinheiro estrangeiro no ano que vem, com a expectativa de aceleração do crescimento, Padovani disse.

O BC prevê que a economia vai se expandir 3,5 por cento em 2012, comparado a 3 por cento este ano. A Zona do Euro deve ficar estagnada em 2012, enquanto a economia americana deve crescer 2,1 por cento, segundo pesquisas da Bloomberg.

“O Brasil terá um desempenho melhor que o das nações ricas, portanto o real tende a permanecer forte”, disse Padovani. “Há um pouco de espaço para ganhos, mas não tanto quanto em 2010.”

Acompanhe tudo sobre:Alexandre TombiniBanco CentralEconomistasGoverno DilmaMercado financeiroPersonalidadesPolítica cambial

Mais de Mercados

Decisão de juros na Ásia, novo CEO da Nike e relatório bimestral de despesas: o que move o mercado

Mercado intensifica aposta em alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom

Ação da Agrogalaxy desaba 25% após pedido de RJ e vale menos de um real

Ibovespa fecha em queda, apesar de rali pós-Fed no exterior; Nasdaq sobe mais de 2%