Mercados

Títulos globais em reais caem com plano do Tesouro de emissões

Investidores temem que oferta de papéis no exterior seja excessiva, após o Tesouro anunciar financiamentos com essas emissões

O secretário Arno Augustin: Tesouro emitiu R$ 1 bi em papéis no exterior, em outubro (Marcello Casal Jr./AGÊNCIA BRASIL)

O secretário Arno Augustin: Tesouro emitiu R$ 1 bi em papéis no exterior, em outubro (Marcello Casal Jr./AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 10h47.

Nova York/Brasília - Os títulos da dívida brasileira emitidos em reais no exterior tiveram a maior queda em seis semanas em relação aos papéis domésticos. Há receio entre os investidores de que haja um excesso de oferta desses títulos após o Tesouro Nacional tê-los incluido no plano de financiamento para este ano.

O rendimento dos títulos externos em reais com vencimento em 2022 subiu 37 pontos-base, ou 0,37 ponto percentual, nos últimos 30 dias, enquanto a taxa da Nota do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 caiu 9 pontos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento de títulos sobe se o preço cai. A diferença entre as taxas encolheu para 247 pontos-base, a menor desde 3 de janeiro.

Países em desenvolvimento, incluindo Rússia e Filipinas, estão indo ao mercado externo para vender dívida em moeda local e aproveitar a demanda por ativos de maior rendimento, em meio a juros próximos de zero nos Estados Unidos e Europa. O subsecretário do Tesouro para Dívida Pública, Paulo Valle, disse que a intenção é vender mais desse tipo de papel para melhorar a liquidez no mercado secundário e que “não há pressa.”

“Essa curva é sensível à oferta”, disse Siobhan Morden, estrategista-chefe para a América Latina no RBS Securities Inc. em Stamford, Connecticut, em entrevista por telefone. “Eles podem ir a mercado duas, três vezes por ano.”

O Tesouro emitiu R$ 1 bilhão de papéis em moeda local no exterior em outubro, na primeira oferta desse tipo em três anos. Desde 2005, foram vendidos R$ 11,3 bilhões em papeis globais em moeda local.

Sem pressa

“Não há pressa em fazer emissão em BRL”, disse Valle em entrevista ontem. “Só emitiremos se houver boas condições de mercado e forte demanda por parte dos investidores.”

Valle disse que 75 por cento dos compromissos externos dos próximos dois anos já foram pré-financiados.


A Rússia planeja estrear seus eurobônus denominados em rublos esta semana, voltando ao mercado estrangeiro de dívida pela primeira vez desde abril, segundo duas pessoas com conhecimento da operação. Os papéis, com prazo de sete anos, vão ser vendidos em emissão do tipo “benchmark” e podem ser colocados a uma taxa de 8 por cento, segundo essas pessoas, que pediram anonimato até que a venda seja completada.

O ministro das finanças da Rússia, Alexei Kudrin, disse em 18 de fevereiro que o govenro local planejava uma captação em rublos “em breve”.

‘Atraente’

Em janeiro, as Filipinas levantaram US$ 1,25 bilhão com a venda de títulos com prazo de 25 anos denominados em pesos, resultando em rendimento 185 pontos-base inferior à taxa dos títulos domésticos.

Nações emergentes buscam ampliar sua “base de investidores” com a venda de dívida em moeda local no exterior, disse Jeremy Brewin, que ajuda a supervisionar US$ 2,5 bilhões em títulos de mercados emergentes na Aviva Investors em Londres, numa entrevista por telefone.

“É atraente para eles em termos de prazo e custos”, disse Brewin.

O Tesouro pode reabrir a oferta de títulos globais em reais já existentes, com vencimentos em 2016, 2022 e 2028, ou vender novos papéis com prazo de 10 e 30 anos, disse o secretário do Tesouro, Arno Augustin, em entrevista em Brasília em 21 de janeiro. O Tesouro pode incluir algumas notas em reais num programa de recompra, segundo ele.

Acompanhe tudo sobre:Dívida públicaMercado financeiroTesouro NacionalTítulos públicos

Mais de Mercados

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol

JBS anuncia plano de investimento de US$ 2,5 bilhões na Nigéria

Ibovespa sobe puxado por Petrobras após anúncio de dividendos

Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani