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Títulos da Petrobras despencam depois de oferta internacional

A emissão recorde de US$ 6 bilhões levou à maior desvalorização em 10 semanas nos títulos da Petrobras

Quem tem títulos em dólar da Petrobras com vencimento em 2020 viu uma perda de 2,5 pontos do valor de face (Germano Lüders)

Quem tem títulos em dólar da Petrobras com vencimento em 2020 viu uma perda de 2,5 pontos do valor de face (Germano Lüders)

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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2011 às 06h27.

Nova York - A emissão recorde da Petróleo Brasileiro SA de US$ 6 bilhões em dívida levou à maior desvalorização em 10 semanas nos títulos da estatal, depois de gerar um excesso de papéis no mercado.

Os títulos em dólar da Petrobras com vencimento em 2020 perderam 2,5 pontos do valor de face, elevando o rendimento em 34 pontos-base na última semana, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Nos cinco dias anteriores à venda de US$ 6 bilhões em bônus pela General Electric Capital Corp., em 4 de janeiro, o rendimento dos títulos da empresa americana com vencimento em 2015 caiu 25 pontos-base. As duas ofertas foram as maiores no mercado americano em 11 meses.

Jeremy Brewin, que ajuda a supervisionar ativos de renda fixa de mercados emergentes na Aviva Investors em Londres, disse que vendeu títulos da Petrobras na semana passada, em antecipação à oferta internacional desta semana, a maior até hoje por uma empresa brasileira. Também prejudicam os papéis as especulações de que a estatal, sediada no Rio de Janeiro, voltará aos mercados de dívida após a emissão de ontem para financiar seu plano de investimentos de US$ 224 bilhões em cinco anos, que é o maior da indústria petrolífera global.

“Eles estarão nos mercados de capitais com bastante frequência”, disse Lon Erickson, que ajuda a supervisionar US$ 9 bilhões em ativos de renda fixa na Thornburg Investment Management Inc. em Santa Fé, no estado americano do Novo México. “Boa parte dos planos dos próximos cinco anos será paga com dinheiro gerado internamente. Isso é ótimo. Mas o tamanho do programa deles ainda deixa muito a ser financiado pelos mercados de capitais”.

Descobertas

A Petrobras vai levantar até US$ 40 bilhões em dívida líquida nos próximos cinco anos para ajudar a financiar seu plano de investimento. A empresa conta ainda com cerca de US$ 30 bilhões em caixa, disse o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, numa entrevista em 14 de janeiro.

A estatal pretende extrair e refinar petróleo de campos que ficam a cerca de sete quilômetros de profundidade, incluindo as duas maiores descobertas do continente americano desde o campo de Cantarell, no México, em 1976.


A estatal levantou US$ 2,5 bilhões com a venda de títulos de cinco anos e taxa 190 pontos-base acima dos papéis similares do Tesouro americano. Foram emitidos outros US$ 2,5 bilhões em papéis de 10 anos e taxa 195 pontos-base superior aos títulos americanos de referência, e US$ 1 bilhão em bônus de 30 anos e spread de 220 pontos-base.

A última oferta pode ser a única emissão em dólares pela Petrobras em 2011, já que a empresa tem “fontes de fundos amplas e diversificadas”, Theodore Helms, gerente-executivo de relações com investidores da estatal, disse numa teleconferência em 19 de janeiro. “Estamos à vontade para dizer ‘acabou’, a não ser para idas oportunistas e pequenas, se tanto, durante a segunda metade do ano se as condições forem favoráveis.”

Preço justo

Os novos títulos da Petrobras com vencimento em 2021 eram negociados a 100,4 por cento do valor de face ontem, contra 99,801 por cento na emissão, de acordo com a Tradition Asiel Securities Inc.

“A Petrobras está com preço justo, mas teremos muita oferta na faixa dos 10 anos”, disse Brewin, da Aviva Investors, o braço de gestão de fundos da segunda maior seguradora do Reino Unido. “Prefiro comprar quando começar a ser negociada na semana que vem, o mercado tinha razão em temer isso”.

A oferta está em linha com as metas da empresa de manter “a estrutura adequada de capital e o grau de alavancagem financeira”, disse ontem a Petrobras em um comunicado.

A assessoria de imprensa da estatal não quis comentar o assunto ontem, ao ser contatada pela Bloomberg, depois do horário comercial.

Emissões ontem pela Petrobras, Banco Safra SA e Energisa SA levaram a dívida total vendida por empresas brasileiras no exterior a US$ 9,6 bilhões este ano, mais que o triplo dos US$ 3,1 bilhões vendidos no mesmo período do ano passado, segundo dados da Bloomberg.

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