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Títulos da OGX atraem fundos hedge

CarVal Investors está comprando títulos vendidos pela produtora de petróleo depois que eles registraram a pior liquidação nos mercados emergentes


	Eike Batista na abertuda de capital da OGX: títulos da companhia caíram US$ 0,82, após marcarem alta, em janeiro, de US$ 0,16, a maior queda entre os títulos de países em desenvolvimento
 (Fernando Cavalcanti/EXAME.com)

Eike Batista na abertuda de capital da OGX: títulos da companhia caíram US$ 0,82, após marcarem alta, em janeiro, de US$ 0,16, a maior queda entre os títulos de países em desenvolvimento (Fernando Cavalcanti/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2013 às 17h18.

Nova York - CarVal Investors LLC, um hedge fund com a gestão de US$8 bilhões em ativos, está comprando títulos vendidos pela produtora de petróleo brasileiro OGX Petróleo Gás Participações SA depois que eles registraram a pior liquidação nos mercados emergentes. A empresa é controlada pelo bilionário Eike Batista.

Os títulos da OGX com vencimentos em cinco anos caíram US$ 0,82, após marcarem alta, em janeiro, de US$ 0,16, sendo a maior queda entre todos os títulos de países em desenvolvimento no Global Corporate and High Yield Index, do Bank of America Corp.

Seu preço é o mais baixo entre os títulos corporativos no mundo. A Credit Suisse Group AG estima que a OGX, que tem 3,6 bilhões de dólares de dívidas em dólar com vencimento em 2018 e em 2022, pode ter cerca de 13 milhões de dólares em dinheiro, cash, até o final do ano.

Enquanto investidores, incluindo a BlackRock Inc., maior gestora de fundos do mundo, deixaram a dívida da OGX, já que Eike não entregou a produção prometida de campos offshore, Joseph Graf, diretor administrativo sênior da CarVal, disse que os títulos estão subvalorizados. Greylock Capital Management LLC, o fundo de hedge com sede em Nova York, que ajudou a negociar a dívida da Grécia no ano passado, disse que os títulos da OGX são atraentes a preços correntes.

"Baixar a estes níveis, esta é uma situação muito interessante, devido à complexidade, diferentes regimes jurídicos e setor envolvido", disse Graf, que não quis fornecer detalhes sobre as participações da CarVal na OGX, em uma entrevista por telefone de Nova York. "Credores, consultores financeiros e consultores jurídicos precisam de uma estratégia que vai melhorar substancialmente a probabilidade de recuperação e não apenas forçar um ponto de parada que termine em liquidação".

Investidores de dívida, tais como a CarVal, representam, agora, a maioria dos compradores de títulos da OGX, de acordo com Sam Aguirre, diretor executivo sênior de Finanças Corporativas e Práticas de Reestruturação na empresa de consultoria FTI Consulting Inc. A FTI, juntamente com escritórios de advocacia dos EUA, incluindo Cleary Gottlieb Steen Hamilton LLP e Bingham McCutchen LLP, têm mantido, este mês, reuniões com os detentores de bônus da OGX para discutir a lei de falência brasileira.

Compra arriscada

Documentos oficiais de fevereiro a abril mostram que a BlackRock, de Nova York, vendeu cerca de US$ 160 milhões no valor nominal da dívida em dólar da OGX nos seis meses anteriores, cortando cerca de 70 por cento das participações para US$ 69 milhões.


Melissa Garville, uma porta-voz da BlackRock, não quis comentar sobre as participações da gestora de fundos na OGX.

"É uma compra arriscada, mas uma compra enfim", disse Diego Ferro, executivo de investimentos da Greylock, que administra US$ 500 milhões em dívida de mercados emergentes, em uma entrevista por e-mail. "Mesmo em caso de falência, o valor de recuperação parece mais alto do que os preços atuais de negociação. Esta é uma situação muito complicada, e os preços parecem refletir um dos piores cenários".

Honrar dívidas

Eike Batista escreveu, na semana passada, em um artigo de opinião no jornal Valor Econômico, que ele iria honrar todas as suas dívidas, enquanto transfere a culpa pelo fracasso da OGX em cumprir as metas de produção para a empresa de auditoria DeGolyer MacNaughton Corp, que, segundo ele, ajudou a aumentar as expectativas dos acionistas.

"Eu fiquei tão surpreso quanto cada um de meus investidores, parceiros e o mercado", escreveu no artigo sobre a perspectiva de investimento da OGX. "Talvez eu tenha colocado muita confiança em pessoas que não mereciam essa confiança, mas no final, a responsabilidade é toda minha".

A OGX pode fechar Tubarão Azul no próximo ano, após concluir a revisão do campo e planos para iniciar a produção no campo offshore de Tubarão Martelo ainda este ano, onde a Petroliam Nasional Bhd da Malásia, concordou em comprar, em maio, uma participação de 40 por cento por US$ 850 milhões.

Robert Abad, um gerente de capitais que ajuda a supervisionar US$ 51 bilhões em ativos de mercados emergentes, na Western Asset Management Co., disse que está evitando os títulos da OGX, porque é difícil determinar o valor dos ativos da empresa.

"O que você precisa ver é uma base de ativos que está lá, que tem algum valor", disse Abad em uma entrevista por telefone de Pasadena, Califórnia. "Não está claro o que a base de ativos parece. Não está claro quais são os valores que devem ser atribuídos à base de ativos em geral. Trata-se de liquidez sendo aplicada para deixar alguns produtos ativos, e até agora, os ativos não provaram seu valor".

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