A empresa anunciou hoje que os três poços que têm hoje em produção podem deixar de produzir no ano que vem e os campos de Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia, que haviam sido declarados como comerciais no ano passado são inviáveis (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2013 às 15h37.
Os bônus da OGX (OGXP3) negociados no exterior estão em forte queda hoje, com o papel que vence em 2018 perdendo US$ 0,13 de seu valor de face, de US$ 0,32 na sexta-feira para US$ 0,19 hoje, um recuo de 41%. Com isso, o retorno pago pelo título subiu para 64% ao ano, segundo dados da agência Bloomberg.
No Brasil, a ação da empresa segue em baixa expressiva na BM&FBovespa, de 28%, negociada a R$ 0,57, depois de atingir R$ 0,48, em queda de 39% em relação aos R$ 0,79 de sexta-feira.
A empresa anunciou hoje que os três poços que têm hoje em produção podem deixar de produzir no ano que vem e os campos de Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia, que haviam sido declarados como comerciais no ano passado são inviáveis.
Questão é mais crescer, mas sobreviver
O comunicado “altera praticamente todo o cenário no qual se baseavam as expectativas do mercado para a companhia, partindo agora para outro patamar, muito mais de sobrevivência do que de crescimento”, alerta a corretora Planner em relatório enviado aos clientes.
Em relatório cujo título é “OGX: o fim da história?”, a corretora lembra que, além de não ter perspectivas de produção, a petroleira terá de continuar pagando a plataforma OSX-1 e mais US$ 449 milhões por quebras de contratos e para cobrir despesas com outras duas plataformas cuja produção já estava adiantada. A OSX informou que a petrolífera cancelou os pedidos de cinco plataformas que estavam sendo fabricadas e ficará apenas com as três mais adiantadas.
Para a Planner, a OGX tem outros ativos que podem ser interessantes, “porém, precisam de recursos para serem desenvolvidos, recursos que neste momento não existem”. Assim, “restam poucos caminhos para a empresa”. A Planner, a exemplo de outras corretoras, não vinha mais calculando preços justos e indicações para OGX “pela mais absoluta incapacidade de reunir dados confiáveis para realizar projeções”.
Impacto no mercado
A queda das ações da OGX tem impacto no mercado brasileiro como um todo pois, além da visibilidade da empresa perante os investidores internacionais, muitos dos quais participaram de sua abertura de capital, o papel tem um peso de 2,55% no Índice Bovespa. A ação estreou no mercado em junho de 2008 custando R$ 11,31 e chegou a valer R$ 23,27 em outubro de 2010.
Além disso, como principal ativo do grupo EBX, do empresário Eike Batista, as dúvidas sobre sua viabilidade afetam as outras companhias coligadas, como a MMX Mineração, a LLX Logística e o estaleiro OSX.
Somando as demais empresas (MMX e LLX), o peso do grupo no Ibovespa sobe a 3,72%. LLX ON cai 8%, MMX cai 6%. OSX está em alta, de 1,4%, já que ela receberá os US$ 449 milhões pela quebra dos contratos no curto prazo. MPX Energia cai 1,32% e a empresa de carvão CCX, 13,19%.
Cenário já complicado
A divulgação dos problemas de produção da OGX agrava um cenário já conturbado para a empresa, que tem um endividamento elevado e baixas receitas. O mercado já vinha especulando desde a semana passada como a empresa faria para pagar seus débitos, de cerca de R$ 8 bilhões, o que estaria levando os principais bancos do país a procurar alternativas para evitar perdas e Eike a tentar vender ativos e participações para capitalizar as empresas e reduzir o endividamento.
As estimativas são de que Bradesco, Itaú e BTG Pactual tenham quase R$ 1 bilhão cada emprestados para a OGX e a Caixa Econômica Federal mais R$ 750 milhões. O BNDES tem uma posição de cerca de R$ 9 bilhões emprestados para o grupo EBX como um todo.
Segundo a gestora de recursos Vetorial, o impacto da queda de OGX e suas irmãs está prejudicando outros setores, especialmente o financeiro, por conta das dívidas com os bancos. Somente a queda de OGX tem um impacto negativo de quase um ponto no Ibovespa, lembra a gestora.
Opção de venda para Eike
Havia ainda a especulação de que a OGX não exerceria a opção de venda de US$ 1 bilhão (R$ 2,2 bilhões) contra Eike, operação que obrigaria o empresário a comprar essa quantia de ações da empresa, capitalizando-a.
A saída de três conselheiros independentes da OGX na semana passada, entre eles o ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan e a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, seria um sinal de que empresa não exigirá de Eike o cumprimento da operação, segundo a consultoria independente Empiricus, “além de carregar uma sinalização negativa termos de governança, uma vez que o exercício da put era obrigação fiduciária do conselho”.
A operação, além de ser uma fonte mais barata de capital para a OGX, seria também uma das poucas disponíveis no curto prazo para a empresa.