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Tesouro prepara captação em euro

Com o cenário internacional de redução na oferta de dólares para os países emergentes, o governo brasileiro resolveu mudar de estratégia


	Euro: as emissões em euros costumam ser feitas com vencimentos mais curtos, de 5, 7 e 10 anos
 (Getty Images)

Euro: as emissões em euros costumam ser feitas com vencimentos mais curtos, de 5, 7 e 10 anos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2014 às 08h19.

Brasília - Com o cenário internacional de redução na oferta de dólares para os países emergentes, o governo brasileiro resolveu mudar de estratégia na emissão de títulos no exterior e vai abrir caminho para as empresas brasileiras captarem dinheiro diretamente na Europa e no Japão.

Uma fonte da área econômica explicou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que o foco da captação será muito mais preço que volume. O governo ainda estuda o prazo de vencimento do novo papel.

Diferentemente do mercado em dólares, que tem prazos mais longos, de 10, 20 e 30 anos, as emissões em euros costumam ser feitas com vencimentos mais curtos, de 5, 7 e 10 anos. Em iene, os prazos são ainda mais reduzidos, entre 3 e 5 anos.

"Nossa estratégia é direcional, para construir novamente a curva de juros. Somos sensíveis ao preço. O objetivo não é volume", disse a fonte. "Atingindo novos mercados, aumenta a demanda para as empresas." Um volume inicial de emissão gira, em média, em torno de 500 milhões a 750 milhões.

Depois de um roadshow na semana passada por Alemanha, França, Holanda e Inglaterra, o Tesouro aguarda uma "janela de oportunidade" no mercado externo para anunciar uma primeira emissão atrelada ao euro.

O mercado está mais instável nesta semana por causa da crise na Ucrânia. Mas o secretário do Tesouro, Arno Augustin, já antecipou que a emissão deverá ocorrer até o fim de março.


Desde 2006, o Brasil tem concentrado suas emissões externas em bônus atrelados ao dólar e agora, numa recalibragem nessas operações, começará a diversificar a moeda de captação para abrir mercados e atrair investidores estrangeiros.

A tática favorecerá as empresas nacionais, já que as taxas de juros dos bônus emitidos pelo Tesouro servem de referência às captações das companhias brasileiras no mercado internacional.

A última vez que o governo emitiu títulos em euros foi há oito anos, em janeiro de 2006, quando foram vendidos 300 milhões em papéis com vencimento em fevereiro de 2015. Petrobrás e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já fizeram, em janeiro, captações externas em euros. E a expectativa é que, com a emissão do Tesouro, outras empresas sigam o rastro dos dois gigantes estatais.

Nas reuniões com investidores nos quatro países, principalmente seguradoras e fundos de pensão, a receptividade ao novo papel brasileiro foi bastante positiva, apurou o Broadcast. A avaliação do governo é que, depois do anúncio da meta fiscal e do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), melhorou a percepção dos investidores sobre o Brasil. E a recepção negativa dos dados fiscais de janeiro, segundo o governo, deve se dissipar.

De acordo com a fonte do governo, o mercado em euros de dívida, que era bastante líquido e movimentava grandes volumes, perdeu importância nos últimos anos. Só voltou a crescer recentemente, abrindo oportunidade para novas emissões.

Com a nova diversificação de moedas, o Ministério da Fazenda, segundo a fonte do governo, quer se antecipar ao quadro de redução do excesso de liquidez, que começou depois da alteração da política monetária dos Estados Unidos.


Os advogados do governo precisam fazer apenas pequenos ajustes na documentação para a emissão. Uma das possibilidades é emitir um bônus global (que pode ser vendido em vários mercados) vinculado ao euro.

Depois da emissão em euro, o governo vai se voltar para uma captação no mercado japonês, considerado de extrema importância pelo seu tamanho, com a presença de grandes investidores. A última emissão do Tesouro no chamado "bônus samurai" em iene foi há 13 anos, antes da crise brasileira de 2002.

Liquidez

O Tesouro sempre teve como política vender os seus papéis em vários mercados. Mas o quadro mudou a partir de 2006, depois que as reservas brasileiras começaram a aumentar e a dívida externa teve forte queda, o que reduziu a necessidade de dólares para pagar os vencimentos dos papéis.

A estratégia, então, foi concentrar os novos bônus em dólar, principalmente com prazo de 10 anos e 30 anos, para garantir um volume elevado de liquidez no mercado secundário de negociação. Quanto maior a liquidez, melhor a precificação dos papéis e a referência de taxas para a empresas.

"Com a redução do excesso de liquidez, queremos nos antecipar", disse a fonte. Como ficou muito tempo fora desse mercado, o Tesouro achou melhor explicar a estratégia aos investidores no roadshow. As reuniões foram promovidas pelo Banco do Brasil, Santander e JP Morgan, que deverão organizar a próxima captação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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