Tesla: a fabricante se tornou rapidamente a queridinha dos investidores, seduzidos por suas inovações (foto/Divulgação)
AFP
Publicado em 3 de abril de 2017 às 15h40.
Última atualização em 4 de abril de 2017 às 10h40.
A Tesla se tornou nesta segunda-feira a segunda maior fabricante automotiva americana em termos de capitalização na Bolsa de Valores, desbancando a Ford, cujas vendas estagnaram em meio a temores sobre a capacidade do mercado de manter o crescimento dos três últimos anos.
A fabricante de veículos elétricos, que no momento comercializa somente dois modelos -Model S e Model X - atingiu uma valorização de 47,35 bilhões de dólares nesta segunda-feira às 14H45 GMT (10H45 horário de Brasília), contra US$ 45,030 bilhões da Ford, embora a Tesla produza anualmente menos de 100.000 veículos e a Ford, mais de seis milhões.
Aproximadamente 4 bilhões de dólares separam agora a Tesla da General Motors, a maior fabricante de automotores americana em termos de venda e a terceira maior do mundo.
Fundada em 2003 pelo magnata de origem sul-africana Elon Musk, a Tesla se tornou rapidamente a queridinha dos investidores, seduzidos por suas inovações.
A ação do grupo passou assim de 17 dólares em julho de 2010 para 293 dólares atualmente, uma disparada alimentada pelas perspectivas da marca no setor de veículos autônomos e de inteligência artificial, apesar de alguns obstáculos, como o acidente fatal envolvendo seu sistema de assistência na direção automática (Autopilot).
A Tesla anunciou neste domingo ter vendido mais de 25.000 veículos no primeiro trimestre, um recorde trimestral. A fabricante de veículos elétricos pretende iniciar a produção de seu modelo de grande consumo em julho, o "Model 3", a um preço de base de 35.000 dólares e já teria recebido cerca de 400.000 pedidos.
Ao contrário de outros fabricantes, a Tesla não anuncia a quantidade de vendas mensais.
A marca planeja produzir 500.000 veículos por ano a partir de 2018, para o qual precisará de novos capitais. O grupo chinês Tencent se transformou em acionista na semana passada, investindo 1,8 bilhão de dólares em 5% do capital do grupo.
As dívidas se acumulam em relação a outras fabricantes americanas, depois do anúncio na segunda-feira de dados de vendas decepcionantes em março.
A General Motors (GM) vendeu 256.224 veículos no mês passado, um aumento de 1,6% com relação ao ano passado, contra um aumento de 9,6% aguardado pela Edmunds.com.
A Ford, segunda maior fabricante dos EUA, registrou queda de 7,2% nas vendas, a 236.250 unidades, principalmente nas de seus pequenos veículos, que caíram 24,2% em relação ao mesmo mês de 2016.
A FCA US (ex-Chrysler) registra uma queda das vendas de sua marca de SUV (4X4) Jeep. O grupo, filial da FCA Automobiles, teve um retrocesso de 5%, vendendo 190.254 unidades.
Os dados oficiais, esperados no dia, devem apontar para um total de 17,2 milhões de veículos (termos anuais e corrigidos), uma alta de 2% em relação a fevereiro de 2016, segundo a Edmunds.com.
"Quando se observa os dados de venda, podemos ficar tentados a dizer que a indústria está ao menos tão sólida como no mesmo período do ano passado", comentou Jessica Caldwell, da Edmunds.com.
"Mas olhando de perto há várias zonas de preocupação", adiantou a analista. Os estoques estão em seu nível mais alto em uma década, as promoções são importantes, a duração dos créditos para a compra de (veículos) automotivos se prolongou e a taxa de juros sobe", enumerou.
A moratória desses créditos atinge, por sua vez, o maior valor desde 1996, destaca a agência de classificação de risco Fitch Ratings.
No que se refere a fabricantes estrangeiros, embora a Nissan tenha vendido mais automóveis novos do que o esperado (168.832, alta de 3,2% contra +2,7% previsto), a Honda registrou uma queda em suas vendas de 0,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, a 137.227 unidades.
A Volkswagen continua sua recuperação após o escândalo do "dieselgate" com 27.635 veículos vendidos, uma alta de 2,68% em um ano, enquanto a Toyota vendeu 215.224 (-2,1%).