Tesla: sétimo mês seguido de queda expõe perda de espaço para rivais chinesas na Europa (Jeremy Moeller/Getty Images)
Redatora
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 09h45.
As vendas da Tesla (TSLA) na Europa caíram 40% em julho, marcando o sétimo mês seguido de retração, segundo dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) divulgados nesta quinta-feira, 28.
No mesmo período, a rival chinesa BYD registrou alta de 225%, com 13.503 novos emplacamentos — superando os 8.837 carros da marca do bilionário Elon Musk.
O recuo da Tesla ocorreu apesar do crescimento do mercado de elétricos no continente. Segundo a ACEA, o volume de veículos 100% a bateria aumentou em julho na comparação anual, ampliando a pressão sobre a montadora americana.
A companhia enfrenta concorrência acirrada e desgaste de imagem na Europa, em parte associado aos posicionamentos controversos de Musk e à sua relação com o governo Donald Trump.
Globalmente, a fabricante também perdeu fôlego: no segundo trimestre, a receita com vendas de automóveis recuou, e Musk alertou investidores de que a empresa pode atravessar “alguns trimestres difíceis”.
Um dos principais entraves é a ausência de grandes renovações em seu portfólio. A Tesla prometeu lançar um modelo mais acessível, com início da produção em larga escala previsto para o segundo semestre de 2025, na tentativa de reverter a tendência negativa.
Thomas Besson, chefe de pesquisa do setor automotivo no Kepler Cheuvreux, afirmou à CNBC que a gestão da Tesla tem buscado convencer investidores de que a empresa é mais do que uma montadora, ao enfatizar temas como inteligência artificial, robótica e autonomia.
“Eles falam sobre quase tudo, menos sobre o carro que estão vendendo em ritmo mais lento”, disse Besson. Para o analista, os modelos da Tesla já estão mais defasados em relação à concorrência, e os últimos lançamentos, como o Cybertruck, não tiveram o sucesso esperado.
Enquanto isso, a BYD amplia sua ofensiva no mercado europeu. A companhia abriu showrooms em diversos países e vem praticando preços competitivos desde 2023.
O esforço faz parte da estratégia de fabricantes chineses, que conquistaram participação recorde de mais de 5% do mercado europeu no primeiro semestre, de acordo com a consultoria JATO Dynamics.
A pressão não afeta apenas a Tesla. Montadoras tradicionais como Stellantis, Hyundai, Toyota e Suzuki também registraram queda nas vendas na região em julho. Por outro lado, grupos como Volkswagen, BMW e Renault anotaram alta nos emplacamentos no mesmo período.