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Temporada de balanços nos EUA: o que esperar dos BDRs segundo o BTG Pactual (BPAC11)

Segundo Bernardo Carneiro, analista de BDR do BTG Pactual (BPAC11), vale a pena ficar de olho em oportunidades do mercado internacional

BDRs na Bolsa de Valores de São Paulo (Jesada Wongsa / EyeEm/Getty Images)

BDRs na Bolsa de Valores de São Paulo (Jesada Wongsa / EyeEm/Getty Images)

Começou a temporada de resultados do segundo trimestre 2022 nos Estados Unidos, e à medida que as empresas americanas divulgam seus números as ações nas bolsas de valores de Nova York, e nos BDRs aqui no Brasil, acabam sendo afetadas.

Respeitando a tradição, os primeiros a divulgar os balanços foram os bancos americanos, com Bank of America (BOAC34), Goldman Sachs (GSGI34), Morgan Stanley (MSBR34) e JPMorgan (JPMC34) que já deixaram claro como os próximos meses serão desafiadores. E o andamento dos BDRs aqui no Brasil também acompanhou esses temores.

Segundo Bernardo Carneiro, analista de BDR do BTG Pactual (BPAC11), "Os resultados dos bancos foram bastante mistos".

Bernardo Carneiro, CFA

Bernardo Carneiro, analista de BDRs do BTG Pactual (Leandro Fonseca/Exame)

"Morgan Stanley foi ruim, JPMorgan foi ruim, só que o Citibank foi muito bem. Os resultados das mesas de negociação de trading superaram as estimativas do consenso. O lucro por ação superou bastante a projeção do consenso. Então varia bastante em cada banco analisado", explicou Carneiro.

Segundo o especialista do BTG Pactual, "Todos os bancos estão sendo afetados por menores receitas de investment banking.

"Isso pois IPOs, as emissão de dívida, se reduziram bastante devido às incertezas com o conflito entre a Rússia e Ucrânia, a elevação das taxas de juros machucando o valuation das empresas, então as emissões de títulos, que infla os resultados de investment banking e a quantidade de fusões e aquisições caíram e então estão afetando o resultado dos bancos no geral. Mas quem tem disposição a trading, mesas de negociação, corretoras, tesouraria, e quem tem empréstimos, carteiras grandes, como o JP Morgan e Citigroup, se beneficiam do resultado líquido de juros", salientou Carneiro.

BDRs de energia poderiam se beneficiar do atual cenário

Para o analista do BTG Pactual, o que é esperado pelo mercado é que o segundo trimestre seja positivo para os BDRs do setor de energia.

"A previsão do mercado é que lucro líquido das empresas de energia ligado à petróleo, produção e exploração e distribuição de petróleo deve quase triplicar na média", disse Carneiro.

Muitas dessas empresas estão atualmente em carteiras de BDRs do BTG Pactual, como a:

  • ExxonMobile (EXXO34)
  • Occidental Petroleum (OXYP34)
  • Marathon (M1PC34)
  • Chevron (CHVX34)

A alta expressiva do preço do barril do petróleo, que mais que dobrou em 12 meses, superando os US$ 100 no segundo trimestre do ano, acabou beneficiando diversas empresas do setor petrolífero.

"Esse petróleo tão elevado vai impulsionar bastante principalmente as empresas exploradoras, especialmente as que são alavancadas, pois elas investem muito em equipamentos, tem as plataformas, navios, etc.. Então, um preço do petróleo tão elevado vai direto para o lucro líquido", explicou Carneiro.

Segundo o analista, quem deve ir mal nos BDRs no geral é consumo discricionário, ou seja, aquele setor de consumo de bens supérfluos, varejo de roupas, bens de lazer, entre outras.

"Netflix, por exemplo, está perdendo assinantes, por causa de uma competição muito acirrada com outros players de consumo. As pessoas começam a cortar certas despesas, e companhias de um pouco mais caras são as primeiras a serem cortadas", salientou Carneiro.

Entretanto, para o analista do BTG Pactual, o que deixa interessante essa situação é que dentro de consumo discricionário "cada caso é um caso".

Por exemplo, o setor do segmento de luxo não tá sendo afetado. Isso pois no nicho de alta renda, onde a inflação não atinge o bolso do consumidor com mais recursos financeiros, as companhias que operam nesse âmbito devem apresentar resultados positivos.

Por outro lado, no segmento de média e baixa renda, muitas empresas começam a serem afetadas.

BDRs da bolsa representam o mundo inteiro

Carneiro salienta também que os BDRs representam o "mundo inteiro" dos investimentos, com mais de 900 papéis listados na B3 (B3SA3).

"É preciso olhar região por região, além de setor por setor", destaca o analista do BTG Pactual, que reafirma a "importância de diversificar a carteira para o investidor brasileiro".

"Estamos em um período de eleições, com muita turbulência macroeconômica, então vão começar a sair várias pesquisas de candidatos para a eleição e o mercado, como sempre, vai cair. O Ibovespa já está caindo muito. Esse, portanto, é um momento bom para ir com cuidado, começar a fazer compras de ativos lá fora, como os BDRs, e diversificar os ativos que estão na carteira", diz Carneiro.

Além da "proteção contra qualquer evento político", o analista lembra que os BDRs sobem junto com a cotação do dólar, que passou de R$ 4,75 em março para R$ 5,50.

Todavia, existe um grande risco em investir em BDRs nesse momento: a inflação.

"Os dados que estão chegando sobre a inflação dos EUA estão vindo acima do esperado. E essa inflação alta demais acaba causando um impacto negativo, aumentando a expectativa de maiores altas de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano. E com juros altos fica menos atrativo investir em ações, com os títulos do Tesouro americano que se tornam mais atrativos. Considerando que esse é um risco que teremos nos próximos três, cinco anos, meu conselho é de comprar aos poucos. Ir parcelando as compras, aproveitando das quedas, e montar uma carteira sólida e diversificada de BDRs para o longo prazo", conclui o analista do BTG Pactual.

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