Fed: segundo a Bloomberg, há um favorito para presidir o Fed depois de Powell, Christopher Waller (Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 9 de agosto de 2025 às 08h10.
De “estúpido” a “idiota teimoso”, são inúmeras as críticas que Donald Trump fez nos últimos meses contra o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Carregando nos adjetivos e economizando na polidez, o presidente dos Estados Unidos faz questão de deixar claro seu descontentamento e já até circularam notícias que ele poderia demitir Powell “em breve”.
Nessa narrativa, diversos nomes surgem para suceder à autoridade. E, agora, um parece se tornar o queridinho da equipe de Trump: o governador do Fed, Christopher Waller, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg.
Waller foi um dos dois dissidentes na decisão de juros do Fed da semana passada: ele apoiou o corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) – em linha com o que o presidente Trump deseja. O republicano enfatiza (e quase ordena) que Powell corte juros.
Os assessores de Trump estão impressionados com a disposição de Waller em adotar políticas com base em previsões, em vez de dados atuais, e com seu profundo conhecimento do sistema do Fed como um todo, disseram as pessoas. Segundo as fontes sob anonimato, Waller já teria conversado com a equipe do presidente sobre a vaga, mas ainda não teve um encontro direto com Trump.
Poucos dias após o Fed anunciar sua decisão de manter as taxas de juros, o payroll, relatório de empregos do setor não-privado, mostrou que o crescimento do emprego desacelerou drasticamente nos três meses anteriores, dando credibilidade à discordância de Waller e Michelle Bowman.
Nessa sexta-feira, 8, o Wall Street Journal disse que funcionários do alto escalão do governo confirmaram que a equipe de Trump adicionou novos candidatos para ser o próximo presidente do Federal Reserve. Entre eles, James Bullard, ex-presidente do Fed St. Louis, e Marc Sumerlin, ex-assessor de George W. Bush.
Bullard e Sumerlin entram como dois possíveis indicados adicionados a uma lista de cerca de 10 pessoas em consideração para o cargo, disseram as autoridades ao WSJ. Segundo Trump, a escolha está sendo conduzida por um comitê formado pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, pelo vice-presidente JD Vance e pelo secretário do Comércio, Howard Lutnick.
Bessent foi indicado por Trump como o responsável por fazer as entrevistas com os candidatos e, então, recomendar uma lista final para o presidente. O republicano considerou Bessent para o cargo, mas ele se retirou da disputa no início desta semana.
Kevin Warsh, ex-governador do Federal Reserve, e Kevin Hasset, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, que despontavam até então como os favoritos, ainda continuam na disputa pelo cargo. No caso, a vaga só será aberta em maior de 2026, quando o mandato de Powell expira.
A expansão da lista ocorre após Trump indicar, ainda esta semana, que estava considerando três finalistas para o cargo, incluindo Warsh e Hassett. No entanto, segundo o WSJ, reduzir a lista de finalistas e depois expandi-la não é incomum para Trump, que fez algo semelhante ao escolher seu secretário do Tesouro em novembro.
“O presidente Trump continuará a indicar as pessoas mais competentes e experientes”, disse o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, em comunicado, dias atrás. “No entanto, a menos que venha do próprio presidente Trump, qualquer discussão sobre decisões de pessoal deve ser tratada como mera especulação.”
Ao contrário de Waller, que ainda não se reuniu com Trump, Hassett já teria se encontrado com o republicano para discutir o cargo e, na ocasião, causou uma boa impressão tanto no presidente quanto em sua equipe.
Warsh, por sua vez, já havia sido entrevistado para a mesma posição em 2017, mas perdeu a vaga para Jerome Powell. Em novembro passado, ele também foi cotado para assumir o Departamento do Tesouro.
A definição de um novo presidente para o Fed acontece paralelamente à busca por um nome para ocupar a cadeira que será deixada por Adriana Kugler no Conselho do Fed, antes do fim de seu mandato. Trump afirmou que pretende indicar, inicialmente, um nome interino para essa vaga, com permanência de apenas alguns meses.
Posteriormente, Trump também deve nomear um novo governador com mandato completo de 14 anos, a partir do início de 2026. A expectativa é que o escolhido tenha perfil favorável à adoção de juros mais baixos.
Trump nomeou Waller para o Federal Reserve em 2020. Antes disso, ele ocupava os cargos de diretor de pesquisa e vice-presidente executivo do Fed de St. Louis. Naquele ano, o Senado aprovou sua indicação ao conselho do Fed por uma margem apertada: 48 votos a favor e 47 contra.
O descontentamento de Trump com Powell levantou dúvidas sobre se o próximo presidente do Fed manteria o compromisso com a autonomia da política monetária. Em abril, Waller reforçou sua posição sobre o tema ao declarar que a independência do banco central é "crucial para o bom funcionamento da economia americana".
Ele também comentou sobre as críticas dirigidas ao Fed por diferentes agentes: "Se você não gosta de ser criticado, não aceite o cargo", disse Waller. "O presidente é livre para dizer o que quiser sobre políticas públicas, assim como qualquer outra pessoa."
Em entrevista à Bloomberg no mês passado, Waller afirmou que ainda não foi procurado diretamente por Trump para tratar da presidência do Fed. "Se o presidente me contatasse e dissesse: 'Quero que você sirva', eu o faria", disse ele em julho. "Mas ele não entrou em contato comigo."