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Temor de recessão aproxima S&P 500 de zona perigosa

São Paulo - A probabilidade cada vez maior de recessão nos Estados Unidos e o temor com a saúde dos bancos europeus e norte-americanos devem empurrar o índice Standard & Poor's 500 (S&P 500) oficialmente para o "bear market" - uma zona perigosa psicologicamente para os investidores, quando a queda no preço das ações supera […]

Operadores da NYSE no dia 5 de agosto de 2011 (Mario Tama/ Getty Images)

Operadores da NYSE no dia 5 de agosto de 2011 (Mario Tama/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2011 às 13h22.

São Paulo - A probabilidade cada vez maior de recessão nos Estados Unidos e o temor com a saúde dos bancos europeus e norte-americanos devem empurrar o índice Standard & Poor's 500 (S&P 500) oficialmente para o "bear market" - uma zona perigosa psicologicamente para os investidores, quando a queda no preço das ações supera a barreira de 20% em relação ao pico do ano. As ações brasileiras e europeias já entraram tecnicamente nesse ciclo mais agudo de queda das cotações.

O S&P 500 já caiu 16,2% desde o pico de 2011, passando de 1.363,6 pontos no dia 29 de abril deste ano até às 10h45 (horário de Brasília) de hoje, aos 1.142,06. Na Europa, o índice mais amplo Stoxx Europe 600 despencou 21,73%, quando caiu de 291,04 pontos em 28 de fevereiro para 227,81 no pregão em andamento hoje na Europa.

A Bovespa tem a queda mais acentuada: o índice brasileiro perdeu 25,7% desde o dia 12 de janeiro, quando atingiu a máxima do ano de 71.632,9, ante os 53.211,16 pontos por volta das 10h45 de hoje. Como aumentou a correlação das ações negociadas em várias bolsas do mundo, os analistas temem que o tombo mais forte das ações europeias, em particular a de bancos, possa arrastar mais ainda os papéis nos Estados Unidos.

"O 'bear market' é uma barreira psicológica muito importante e pode ser um fator a mais para atrapalhar a recuperação no preço das ações," disse à Agência Estado Kevin Pleines, analista da consultoria americana Birinyi Associates, em Connecticut. "A situação está feia, com toda a volatilidade e as manchetes negativas. Com a queda das bolsas, as ações ficaram bastante atrativas, mas o investidor permanece ainda muito cauteloso com toda a incerteza que estamos vendo na economia mundial."

Há uma série de fatores que deverá afetar mais ainda as ações americanas: desaceleração econômica dos Estados Unidos, o nervosismo com os bancos europeus e piora da crise da dívida soberana na zona do euro. Diante desse cenário mais pessimistas em relação à economia americana e mundial, os analistas passam a projetar lucros menores para as empresas, com reflexo imediato no preço das suas ações negociadas em bolsas.


"O nível atual do S&P 500 já está refletindo uma grande probabilidade de uma recessão nos Estados Unidos, mas está ainda a caminho de contabilizar totalmente nos preços uma ampla recessão," afirmou à Agência Estado Peter Boockvar, estrategista acionário da corretora Millet Tabak & Co., em Nova York. "Já estamos no meio de uma desaceleração. Agora, se teremos uma contração econômica ou um crescimento de apenas 1%, o investidor sentirá o efeito negativo do mesmo jeito."

Boockvar estima que, nos próximos dois meses, o S&P 500 poderá cair mais ainda, oscilando entre um nível de 1.000 e 1.050 pontos. Para ele, o nervosismo agravou-se no mercado ontem com o temor de que muitos bancos europeus acabem por perder acesso à liquidez. "O sistema bancário europeu está definitivamente com problema", disse Boockvar. "Já os bancos americanos estão melhor capitalizados do que os rivais europeus."

Entre as notícias que deflagraram a forte queda nas bolsas mundiais ontem e o temor sobre a saúde dos bancos, os analistas citam a injeção de US$ 500 milhões pelo Banco Central Europeu (BCE) a uma grande instituição da zona do euro com problema de liquidez, a primeira vez que o BCE fez esse tipo de empréstimo desde fevereiro, além da reativação pelo Banco Central da Suíça de uma linha de "swap" (troca de recursos) de US$ 200 milhões com o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). Tudo isso sinalizou que, à semelhança do que ocorreu em 2008 e 2009, o sistema bancário europeu precisará de ajuda oficial para respirar.

Na estimativa do estrategista-chefe de ações para Estados Unidos do banco UBS, Jonathan Golub, o mercado acionário americano já está descontando nos preços das ações uma probabilidade de 40% de recessão na maior economia do mundo. Golub, contudo, ainda mantém uma projeção de crescimento de 1,8% do PIB americano em 2011 e de 2,3% em 2012.

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