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Temer impacta muito menos a Bolsa do que imaginamos

Oscilações na bolsa de valores são hoje muito mais influenciadas pelo noticiário internacional e pelo preço das commodities do que pela política nacional

Michel Temer: mercado vê com pessimismo as discussões no Congresso sobre a aprovação das reformas do governo (Ueslei Marcelino/Reuters)

Michel Temer: mercado vê com pessimismo as discussões no Congresso sobre a aprovação das reformas do governo (Ueslei Marcelino/Reuters)

Fernando Pivetti

Fernando Pivetti

Publicado em 17 de abril de 2017 às 10h49.

Última atualização em 17 de abril de 2017 às 15h36.

São Paulo - As aprovações das reformas trabalhista e previdenciária previstas para ocorrer ainda este ano não deve impactar fortemente a bolsa brasileira.

Isso porque o desempenho das ações é muito mais influenciado pelo cenário internacional e pela dinâmica de preços das commodities do que pelas questões de política interna.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirma que o mercado brasileiro é muito sensível ao noticiário externo porque o país possui um número muito alto de investimentos estrangeiros.

Outra justificativa para que os investidores se preocupem menos com a questão interna do país é que após tantos escândalos o cenário político se tornou “mais previsível” .

O analista da Clear Corretora, Raphael Figueiredo, lembra que em 2014 as notícias relacionadas à Operação Lava Jato eram muito novas e o mercado não conseguia traçar uma direção concreta para todo o processo de combate à corrupção.

“Hoje o cenário mudou e os investidores já se ‘acostumaram’ com as operações da Polícia Federal e conseguem ter ideia do que vem por aí”, acrescenta.

Figueiredo destaca ainda que se neste momento, se os escândalos com as delações que estão sendo divulgadas não afetarem diretamente o Palácio do Planalto, a Lava Jato tende a ter menos impacto no mercado.

Efeito Temer e suas reformas

Isso não significa que as medidas propostas pelo governo Temer sejam irrelevantes para o mercado. A preocupação dos investidores é que a não aprovação das propostas comprometam o ajuste fiscal.

E o mercado já se mostra bem pessimista com o andamento das aprovações. O analista Phillip Soares, da Ativa Investimentos, destaca que as recentes concessões feitas pelo governo com relação à reforma da Previdência são um sinal negativo.

“A expectativa é que a discussão da reforma da Previdência seja encerrada em setembro. Até lá, o noticiário pode continuar negativo com relação à política nacional.”

O que esperar?

Apesar do mercado não estar confiante em relação aos rumos do governo nos próximos meses, é possível que a Bolsa continue subindo em um curto prazo. Desde janeiro, o Ibovespa, acumula ganhos de mais de 5%.

André Perfeito ressalta que as tensões políticas do governo Trump podem ser combustível para as ações aqui no Brasil.

“O clima ruim na Síria e a diplomacia abalada com a Rússia pressionam os preços das commodities para cima, e isso reflete positivamente no nosso mercado.”

Além de Trump, o acordo da Opep também deve começar a trazer novos resultados e elevar os preços do petróleo.

O analista Raphael Figueiredo projeta que, se o ritmo de alta das commodities e o corte na taxa básica de juros se mantiverem, a bolsa pode atingir até o final de junho o marco histórico de 73 mil pontos.

“Se esse marco vai ser superado ou não, tudo dependerá de uma série de mudanças de padrões dentro do mercado financeiro do Brasil, e isso ainda segue indefinido.”

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