Salesio Nuhs, CEO da Taurus (TASA4) (Ricardo Jaeger/Divulgação)
Para o CEO da Taurus (TASA4), Salesio Nuhs, em 2023 a fabricante de armas vai conseguir regularizar o pagamento de dividendos.
"A gente tinha a expectativa de pagar dividendos trimestrais já esse ano, mas não conseguimos por causa da ausência de reservas. Mas quando sair o balanço consolidado de 2022, no ano que vem, teremos todas as reservas acumuladas para isso. E no ano que vem vamos poder regularizar a distribuição de dividendos trimestrais", disse Nuhs em entrevista exclusiva à EXAME.
O executivo lembrou que a Taurus já pagou R$ 200 milhões de dividendos em abril, e que continua com o objetivo de ser uma empresa geradora de caixa.
Comentando os resultados do trimestre, onde a fabricante gaúcha registrou uma queda de 47,9% no lucro líquido, que foi de R$ 100,8 milhões.
"Nesse trimestre tivemos um efeito muito forte da variação cambial, com o dólar que fechou em junho cotado aos R$ 4,93. Isso acabou afetando o resultado, mas foi apenas uma perda contábil devida a variação cambial. Não foi um efeito de caixa", explicou à EXAME Sergio Sgrillo, CFO da empresa.
Segundo Nuhs, a produção de armas permaneceu praticamente idêntica, mas mesmo assim a empresa conseguiu uma receita liquida positiva, com um aumento do lucro bruto, um lucro líquido que cresceu 13% e uma Margem Ebitda 12% superior.
"Existe uma estabilidade na produção por conta de uma demanda no mercado americano que está se ajustando, após dois anos de recordes absolutos. Ainda assim, a companhia conseguiu obter um resultado muito positivo", salientou o CEO.
Questionado sobre o fato que o mercado doméstico foi o principal impulsionador do resultado da Taurus, diferente dos anos passados onde era o mercado internacional que tinha sido o destaque, Nuhs salientou que "em anos eleitorais existe um aquecimento natural do mercado, assim como vimos acontecer no Estados Unidos".
Para o CEO da Taurus, o mercado internacional continua sendo o foco da empresa para o futuro, especialmente no âmbito das licitações.
"Agora que conseguimos ter uma produção excedente expressiva, podemos nos concentrar no mercado internacional, especialmente nas licitações", disse Nuhs.
Conversando sobre a Índia, onde a empresa brasileira está trabalhando em para criar uma joint-venture com o produtor indiano Jindal Group, o CEO explicou que após o fim das restrições impostas pelo Coronavírus (Covid-19), foi possível realizar a missão dos executivos no país asiático.
"Já fizemos quatro missões na Índia, a mais importante da qual a missão comercial. Agora estamos resolvendo as questões burocráticas. Mas vamos continuar nosso projeto no país", explicou Nuhs.
O objetivo da Taurus é ganhar a mega-licitação para o fornecimento de 420 mil fuzis para o exército indiano. Uma das maiores licitações do mundo no setor de defesa.
"Essa licitação está chamando a atenção de todos os fabricantes de armas do mundo, mas só poderá participar quem tiver já uma operação na Índia, pois envolve transferência de tecnologia", disse o CEO.
Além disso, a Taurus está trabalhando para mapear clientes "menores", como forças de polícia locais, para fornecer outros tipos de armas produzidos localmente.