Taurus: empresa vai produzir mais modelos nos EUA para escapar de tarifa (Diego Vara/Reuters)
Editor de Invest
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 12h36.
A fabricante de armas Taurus vai ampliar o portfólio de produção em sua fábrica nos Estados Unidos, como forma de reduzir o impacto das tarifas americanas de importação, impostas este ano pelo governo de Donald Trump.
A companhia já havia transferido a produção das pistolas G, que são vendidas ao mercado americano. Em vez do produto final, a Taurus envia os kits, do Brasil para os Estados Unidos, e paga menos imposto por isso. A arma é "montada" na unidade americana.
Junto com a divulgação do balanço, a Taurus anunciou que outros modelos vão ser produzidos no país.
"A mesma estratégia será aplicada aos principais modelos de revólveres nos próximos meses", afirma a Taurus. A companhia explica que a produção nos Estados Unidos visa somente atender à demanda do mercado americano.
"Os produtos destinados ao mercado brasileiro e demais mercados internacionais continuarão a ser produzidos integralmente no Brasil", diz a companhia.
A Taurus também suspendeu os envios de armas longas à unidade nos Estados Unidos. A empresa diz que a comercialização desses modelos se tornou economicamente inviável, por conta das tarifas de importação. Desde agosto, a companhia tem vendido de forma controlada os estoques remanescentes desses produtos disponíveis nesse país.
"Com o esgotamento desses estoques e caso seja mantida a atual tarifa, a venda de armas longas no mercado norte-americano será revista", diz a companhia.
As vendas da Taurus nos Estados Unidos caíram 17% no terceiro trimestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado, para 176 mil unidades. A companhia diz que já esperava uma demanda mais fraca, após altos volumes de vendas em anos anteriores. Nos nove primeiros meses deste ano, por exemplo, foram 605 mil unidades vendidas. Em 2021, nesse mesmo intervalo de tempo, foram R$ 1,4 milhão de unidades.
Curiosamente, o que deveria jogar a favor da companhia, ainda não se materializou nos resultados. Sem risco de restrições legais à posse de armas na gestão do presidente republicano, os americanos estão postergando compras. Na visão da Taurus, a queda no desempenho econômico atribuída às tarifas "deixou de ser apenas uma especulação".
"Fatores econômicos como a inflação, juros elevados e o aumento do custo de vida reduziram o poder de compra de consumidores médios", afirma a companhia.
No terceiro trimestre, a companhia produziu 63 mil unidades nos Estados Unidos, volume maior que o de um ano antes quando não havia tarifas e a Taurus exportava o produto pronto. No entanto, é menos que a metade da produção no Brasil no período, de 134 mil unidades. O número é 17,3% menor que o do terceiro trimestre de 2024 e inferior às 179 mil unidades do segundo trimestre.
"A demanda interna avança gradualmente, embora ainda em patamares bem abaixo dos verificados em ciclos anteriores, já refletindo a normalização dos processos de controle de armas sob gestão da Polícia Federal, cuja transição se concluiu no fim de agosto", explica a Taurus.
A companhia conseguiu um aumento de lucro líquido de 21% no terceiro trimestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado, a R$ 31,5 milhões.