Invest

Tarifas de Trump, PIB do Reino Unido: o que move o mercado

Alívio após Lula evitar retaliação imediata deve dar fôlego aos mercados nesta sexta-feira

Luiz Inácio Lula da Silva: presidente concedeu entrevista ao Jornal Nacional, no Palácio da Alvorada. (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)

Luiz Inácio Lula da Silva: presidente concedeu entrevista ao Jornal Nacional, no Palácio da Alvorada. (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)

Publicado em 11 de julho de 2025 às 07h55.

Os mercados devem iniciar esta sexta-feira, 11, em clima mais ameno, após a reação moderada do governo brasileiro à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que não pretende retaliar imediatamente e afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional, que poderá usar a Lei de Reciprocidade caso as negociações fracassem. Segundo Lula, a prioridade será buscar articulação diplomática com outros países afetados para levar o caso à Organização Mundial do Comércio.

O agronegócio tem defendido cautela, temendo perdas maiores, enquanto entidades como a Fiesp e o Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, avaliam medidas alternativas. Haddad, inclusive, cogita retaliações não tarifárias, como a quebra de patentes.

No Congresso, líderes da Câmara e do Senado sugerem o uso da Lei de Reciprocidade, e aliados de Jair Bolsonaro pressionam para que o ex-presidente interceda junto a Donald Trump. A leitura é de que uma eventual desistência de Trump poderia fortalecer Bolsonaro politicamente.

O presidente também confirmou à TV Record que manterá o aumento do IOF, elogiando o Congresso pela disposição de votar o acordo. Na reforma do Imposto de Renda, o parecer de Arthur Lira mantém a alíquota mínima de 10% para os mais ricos e amplia a faixa de isenção parcial, com compensação a estados e municípios garantida via fundos de participação.

No cenário internacional, os investidores seguem atentos à escalada tarifária promovida por Trump. Depois de confirmar uma tarifa de 35% sobre produtos do Canadá, o presidente afirmou que nesta sexta-feira será a vez da União Europeia receber uma carta com os novos termos tarifários. A expectativa é de que o tom das medidas determine o humor dos mercados nos próximos dias.

No radar hoje

Na Europa, dados divulgados nesta manhã mostraram que a economia do Reino Unido voltou a encolher em maio, com queda de 0,1% no PIB, frustrando a expectativa de alta de 0,1%. A retração foi puxada por uma queda de 0,9% na produção industrial e de 0,6% na construção. Foi o segundo mês seguido de contração, após os efeitos combinados do aumento de impostos domésticos e das tarifas americanas.

Nos Estados Unidos, o destaque da agenda é a divulgação do relatório mensal do Tesouro, às 15h (horário de Brasília), que pode dar pistas sobre o estado das contas públicas e o impacto fiscal das políticas recentes da Casa Branca.

No Brasil, a Pesquisa Mensal de Serviços de maio, às 9h, é o principal dado do dia e deve indicar avanço de 0,2% no mês, segundo projeções. Também serão divulgados os números da produção industrial regional do mesmo período. Ainda pela manhã, a Agência Internacional de Energia publica seu relatório mensal sobre petróleo.

Mercados internacionais

Na Ásia, os índices encerraram o pregão de forma mista, refletindo a cautela dos investidores diante da nova rodada de tarifas. O Nikkei 225, do Japão, recuou 0,19%, enquanto o Topix avançou 0,39%. Na Coreia do Sul, o Kospi caiu 0,23% e o Kosdaq subiu 0,35%. O australiano S&P/ASX 200 perdeu 0,11%, enquanto o CSI 300, da China, avançou 0,12%.

Apesar do tom protecionista da Casa Branca, mineradoras listadas na Austrália operaram em alta, impulsionadas pela disparada dos preços do cobre no mercado internacional. A Rio Tinto subiu 2,28%, a Fortescue avançou 2,85% e a BHP teve alta de 2,77%.

Na Europa, após quatro sessões positivas, os mercados operam em baixa. Por volta das 7h35 no horário de Brasília, o índice Stoxx 600 recuava 0,96%; o britânico FTSE 100 caía 0,59%; o francês CAC 40 registrava queda de 1,02% e o alemão DAX perdia 1,17%.

Nos Estados Unidos, os índices futuros operavam no vermelho nesta manhã, após subirem nos últimos dias com o rali das big techs e o avanço de setores como consumo. Por volta das 7h35, os contratos do S&P 500 recuavam 0,66%, enquanto os futuros do Nasdaq 100 caíam 0,59%. O Dow Jones futuro, por sua vez, cedia 0,69%.

Na quinta-feira, o S&P 500 fechou em alta de 0,27%. O Nasdaq ganhou 0,09%, e o Dow Jones subiu 0,43%. Mesmo com as turbulências no comércio exterior, os investidores mantiveram o apetite por risco, embalados pelos ganhos da Nvidia — que ultrapassou brevemente US$ 4 trilhões em valor de mercado — e pela expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve.

Acompanhe tudo sobre:AçõesEstados Unidos (EUA)Luiz Inácio Lula da SilvaTarifasDonald TrumpCanadá

Mais de Invest

Região do Delta do Rio Yangtzé responde por 58% do crescimento do comércio exterior chinês

Mercado de commodities da China mantém estabilidade pelo quinto mês seguido

Petrobras faz primeira importação de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina

Ibovespa fecha em baixa de 0,4% e perde o patamar dos 144 mil pontos