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Tarifas de Trump: CEOs enfrentam dilema entre diplomacia e adaptação radical

Gigantes como Ericsson, AstraZeneca e Shell estão redesenhando fábricas, preços e operações diante da volta das tarifas e da crescente imprevisibilidade econômica

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 1 de agosto de 2025 às 07h16.

Diante das novas tarifas dos Estados Unidos em exportações de todo o mundo, líderes de grandes empresas passaram a traçar novas estratégias para driblar as taxas e sair do cenário da melhor maneira possível. Uma reportagem da CNBC entrevistou empresários de setores que vão do automotivo ao farmacêutico para entender quais mudanças devem ocorrer diante da instabilidade econômica.

A antiga lógica do “just in time” está sendo substituída por uma abordagem mais cautelosa: produzir mais perto dos consumidores, pedir isenções tarifárias e se adaptar rapidamente a mudanças de comportamento. Em meio a inflação, volatilidade das moedas e incertezas políticas, as alíquotas passaram de apenas um risco secundário para um fator fundamental na contenção de riscos empresariais.

Empresas tentam produzir mais perto do cliente final

No setor automotivo, a norueguesa Hydro já repassa custos tarifários aos clientes nos EUA. Entretanto, o CFO Trond Olaf Christophersen alertou sobre um problema maior. "Clientes do setor de embalagens estão testando alternativas como aço e plástico. Esse é o jogo de longo prazo".

A Ericsson também chegou a antecipar algumas mudanças, reafirmando que sua fábrica na América do Norte, aberta em 2020, tornou-se um escudo contra a instabilidade geopolítica, segundo o CEO Börje Ekholm.

Já a Volvo quer ampliar a produção na Carolina do Sul para reagir com mais agilidade a mudanças nas regras comerciais, disse o CEO Håkan Samuelsson.

Na indústria farmacêutica, a AstraZeneca está acelerando uma expansão de US$ 50 bilhões nos EUA. “Temos muitos motivos para estar aqui”, afirmou o CEO Pascal Soriot. 

A sueca Skanska, por sua vez, destacou que também busca construir data centers nos EUA para clientes europeus como uma forma de garantir “soberania tecnológica”, de acordo com o CEO Anders Danielsson.

Diplomacia, isenções e proximidade com a política

Para companhias que não conseguem mudar a produção de lugar, o caminho tem sido as relações políticas. A Rolls-Royce, por exemplo, negociou diretamente com os governos britânico e americano para obter isenções em peças-chave. "Não é só sobre tarifas. Estamos ajustando nossa presença industrial para evitar fricções", explicou a CFO Helen McCabe.

Esse movimento, segundo a CNBC, revela como o planejamento estratégico agora inclui risco político e relações com governos, algo que antes era considerado um ponto muito mais raso nas estratégias internas das empresas.

Risco político vira variável permanente

No setor financeiro, a instabilidade regulatória já afeta modelos de risco, segundo a reportagem. “Hoje, para precificar riscos, não basta olhar crédito ou liquidez. É preciso modelar a imprevisibilidade política”, afirmou o CEO do UniCredit, Andrea Orcel, citando tensões comerciais, surpresas regulatórias e impasses eleitorais.

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