Radar: mercado repercute tarifas de Trump contra Canadá, México e China (ROBERTO SCHMIDT/AFP)
Repórter de finanças
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 07h54.
Assim como ventilado em toda sua campanha, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu primeiro movimento mais agressivo em relação à política tarifária que deseja, assinou durante o sábado, 1º, três ordens executivas para impor tarifas a três países de grande comercialização com os EUA: México, Canadá e a China.
A preocupação dos mercados globais é que a política protecionista de Trump de um lado gere inflação nos EUA e, do outro, recessão em países como México e Canadá. Um estudo do Peterson Institute mostra que o aumento de preços vindo da taxação pode chegar a 1,2% na inflação dos EUA, com impacto importante em itens básicos, como gasolina nos postos.
Para além dos movimentos nos Estados Unidos, o mercado acompanha nesta semana o início dos balanços do quarto trimestre de 2024 no Brasil. Como destaque do começo da temporada, Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) reportam seus números na quarta-feira, 5, seguido por CCR (CCRO3) e Multiplan (MULT3) na quinta-feira, 6, e Bradesco (BBDC4) na sexta-feira, 7.
Lá fora, é a vez de mais duas das sete magníficas reportarem seus números: Alphabet (GOOGL), na terça-feira, 4, e Amazon (AMZN), na sexta-feira, 7.
Nesta segunda-feira, 3, o mercado também repercute o Boletim Focus desta semana, assim como os Índices de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industriais da zona do euro, EUA e Brasil. Na Europa, também será conhecida a prévia do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de janeiro.
De olho na agenda dos executivos, Raphael Bostic, membro do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) discursa às 14h30. Após o fechamento do pregão, Petrobras (PETR4) divulga hoje à noite o relatório de produção e vendas do quarto trimestre.
Amanhã, é a vez da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), aguardada com grande expectativa pelos investidores, já que o Banco Central (BC) deixou em aberto a decisão de maio. Para o final da semana, na sexta-feira, 7, sairá o payroll de janeiro, o relatório de empregos não-agrícolas do setor privado.
Atualmente, o Canadá e o México fazem parte de um acordo de livre-comércio com os EUA, que isenta de tarifas de importação os produtos que circulam entre eles, com algumas regras, como cotas para alguns itens. Com isso, a ampla maioria dos produtos mexicanos e canadenses entra nos Estados Unidos com tarifas zeradas ou de menos de 1%, segundo levantamento do Peterson Institute.
Segundo a Casa Branca, o movimento visa estabelecer um incentivo à produção nacional, por meio de medidas protecionistas que Trump sempre declarou desejar. Os três países afetados pelas tarifas de Trump representam mais de um terço do total das importações americanas e eles prometem retaliações.
O Canadá foi o primeiro a responder, decidindo por também impor tarifas de 25% sobre 155 bilhões de dólares canadenses (US$ 106,5 bilhões de dólares), sendo que 30 bilhões entrarão em vigor amanhã e 125 bilhões em 21 dias.
Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse em um post no X na noite de sábado, 1º, que instruiu o Ministro da Economia, Marcelo Ebrard, a “implementar o Plano B” no qual sua administração vem trabalhando para lidar com as tarifas há muito prometidas por Trump. Esse plano incluiria também medidas não tarifárias, segundo ela, mas detalhes sobre quais produtos serão afetados não foram fornecidos.
A resposta da China às tarifas impostas por Trump também foi rápida. Em uma declaração oficial, o Ministério do Comércio do país destacou que "os aumentos unilaterais de tarifas não resolverão as questões internas dos Estados Unidos e poderão prejudicar ambas as economias", além de garantir que irá "proteger firmemente" os direitos da população chinesa. A China também anunciou que processará os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC).