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Tarde demais? Cisão da Kraft Heinz pode não resolver desafio da comida saudável

Empresa acumula sete trimestres de queda nas vendas e ações já recuam quase 14% no ano

Kraft Heinz: cisão cria unidades separadas para molhos e mercearia na América do Norte (Getty Images/Divulgação)

Kraft Heinz: cisão cria unidades separadas para molhos e mercearia na América do Norte (Getty Images/Divulgação)

Publicado em 12 de setembro de 2025 às 10h06.

A Kraft Heinz anunciou neste mês que vai se dividir em duas companhias, uma voltada para molhos e condimentos e outra para alimentos básicos. A medida, apresentada como resposta à mudança nos hábitos dos consumidores americanos, reflete um reconhecimento tardio de que a empresa perdeu espaço diante da busca crescente por alimentos menos processados.

Nos últimos anos, os consumidores americanos têm adotado produtos com menos conservantes e ingredientes artificiais. Essa tendência ganhou novo fôlego com a ofensiva do programa federal Make America Healthy Again (MAHA), liderado pelo secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr., que associa aditivos a doenças crônicas na infância, como diabetes e obesidade.

A Kraft Heinz, dona de marcas como ketchup Heinz, cream cheese Philadelphia e molhos Quero, tornou-se alvo desse escrutínio.

Um relatório da Comissão MAHA, criada pelo presidente Donald Trump, recomendou que o governo reavalie a presença de aditivos químicos nos alimentos embalados e estabeleça critérios para enquadrar produtos ultraprocessados.

A pressão também vem dos estados. Na Califórnia, o maior mercado americano, deputados devem votar ainda neste mês um projeto que propõe restringir a venda de itens considerados ultraprocessados.

Vendas em queda

Segundo a Reuters, concorrentes americanos como a Rao’s Homemade têm se adaptado mais rápido às novas preferências e conquistado espaço, enquanto a Kraft Heinz acumula resultados negativos.

As vendas da empresa caíram por sete trimestres consecutivos, e as ações recuam quase 14% no ano, frente à queda de 6,5% do índice Dow Jones de fabricantes de alimentos.

Esse quadro se torna ainda mais desafiador diante da popularização de medicamentos inibidores de apetite da classe GLP-1, que vêm reduzindo o consumo de alimentos industrializados nos Estados Unidos, e do impacto da inflação no preço dos alimentos.

A companhia vem ajustando seu portfólio, com a revisão de mais de mil receitas, redução de açúcar e o compromisso de eliminar corantes sintéticos nos EUA. A cisão, apresentada como parte desse esforço de adaptação, pode, no entanto, não ser suficiente para recuperar relevância e impulsionar crescimento, segundo ex-funcionários, consultores e analistas ouvidos pela Reuters.

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