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Super Quarta: dólar vai a R$ 4,10 e Bolsa estaciona em dia de Fed e Copom

Sem um norte do Fed, cautela predominou após o previsto corte de 0,25 pontos-base nos juros dos EUA; espera pelo Copom também pesou

 (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

(Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

TL

Tais Laporta

Publicado em 18 de setembro de 2019 às 17h30.

Última atualização em 18 de setembro de 2019 às 18h53.

A "Super Quarta" foi um tanto confusa para os mercados globais. No fim do dia, predominou a cautela após o esperado corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros dos Estados Unidos. Sem sinais claros sobre os próximos passos do Federal Reserve, a bolsa brasileira chegou a ceder abaixo dos 103 mil pontos, enquanto o dólar ultrapassou 4,11 reais na máxima da sessão. Também pesou a espera pela decisão do Copom ainda hoje, que cortou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 5,5% ao ano.

Na falta de um norte sobre sua próxima decisão do Fed, o dólar perdeu força no final da sessão e encerrou em alta de 0,61% contra o real, negociado a 4,1028 reais. Já o Ibovespa anulou as perdas vistas horas antes e fechou o dia quase estável, com variação negativa de 0,08%, aos 104.531 pontos.

As bolsas americanas fecharam sem direção. O índice S&P 500 também fechou praticamente estável, após recuar mais cedo. O Dow Jones subiu 0,13%, enquanto o Nasdaq Composto caiu 0,11%, segundo dados preliminares.

Nesta tarde, o Federal Reserve anunciou um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa referencial de juros, para a faixa entre 1,75% e 2%. Foi o segundo corte na taxa desde a crise financeira de 2008. A decisão já era esperada pelo mercado financeiro, mas não foi unânime.

"Os três votos contrários à redução pesaram bastante e fizeram o mercado entrar em polvorosa", afirmou o analista da Terra Investimentos Maurício Battaglia.

Logo após a decisão, os índices acionários americanos e o Ibovespa acentuaram as perdas. Battaglia também acrescentou que os dados sobre construção civil nos Estados Unidos, divulgados pela manhã, ficaram muito acima da expectativa, o que reforça a ideia de que não pode não haver novos cortes de juros. "Uma economia em alta não precisa baixar juros."

Depois do recuo, o mercado voltou a reagir, fechando próximo da abertura. "O mercado reage de forma agressiva quando há eventos inesperados. Neste caso, não houve muita surpresa, por isso acabou ficando no mesmo patamar. Já estava precificado", explicou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Mensagem mista do Fed

Ao reduzir a taxa básica de juros para o intervalo entre 1,75% e 2,00%, o Fomc acenou para riscos globais em curso e o enfraquecimento no investimento empresarial e nas exportações. Para o Fed, crescimento contínuo e forte contratação são "os resultados mais prováveis", mesmo assim mencionou "incertezas" e prometeu "agir conforme apropriado" para sustentar a expansão.

O corte de 0,25 ponto percentual nos juros ficou abaixo de uma redução mais agressiva desejada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. "A principal preocupação é que possa não haver outro corte, e é por isso que teve um pouco de 'selloff' (vendas de ativos)", disse à Reuters Alan Lancz, presidente da Alan B. Lancz & Associates, em Toledo, Ohio.

"Mas é quase como 'subir no boato, cair no fato'. Eles deixaram a porta aberta para mais cortes. É um Fed realmente dividido neste momento", acrescentou.

Após o fechamento do pregão local, é a vez de o BC brasileiro anunciar sua decisão sobre os juros, com o mercado também apostando majoritariamente que o Copom capitaneado por Roberto Campos Neto reduzirá a taxa Selic de 6% para 5,5% ao ano.

Petróleo recuou pelo segundo dia

Os preços do petróleo recuaram cerca de 2% nesta quarta-feira, ampliando as quedas do dia anterior, depois de a Arábia Saudita afirmar que sua produção total será rapidamente restaurada após os ataques a suas instalações, e conforme os estoques da commodity nos EUA subiram inesperadamente.

A tensão no Oriente Médio permanece elevada, no entanto, depois de o ministro da Defesa saudita mostrar em uma entrevista coletiva destroços de drones e mísseis, dizendo que são evidências "inegáveis" da agressão iraniana.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que ordenou um grande aumento nas sanções sobre o Irã, na mais recente medida norte-americana para pressionar Teerã.

Destaques da Bolsa brasileira

A estatal PETROBRAS recuou 1,7%, com novo declínio do preço do petróleo, ante notícia de que a Arábia Saudita retomará a capacidade de produção total rapidamente após ataques que fizeram as cotações da commodity dispararem na segunda-feira.

BANCO DO BRASIL subiu 1,52%, destoando da fraqueza dos grandes bancos privados. O presidente-executivo do Banco Votorantim, no qual o BB tem participação de 50%, disse nesta quarta-feira que chegou o momento de preparar o banco para uma oferta inicial de ações (IPO). ITAÚ UNIBANCO cedeu 0,31% e BRADESCO ganhou 0,29%.

A fabricante de cosmésticos NATURA cedeu 0,06%, após renovar a máxima intradia histórica no início da sessão. A empresa anunciou na véspera aumento de capital com bonificação de ações.

A mineradora VALE caiu 1,02%, na esteira da queda dos futuros do minério de ferro na China pelo terceiro dia, em meio a crescentes desembarques do produto nos portos do país e por maiores embarques por grandes mineradoras.

A construtora MRV perdeu 2,31%, entre as maiores quedas, em sessão de ajuste, após salto de mais de 7% na véspera. No setor, CYRELA perdeu 0,04%.

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