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S&P 500 em níveis recordes não é bolha, mas 'novo normal', diz BofA

Para estrategistas do banco, mudanças estruturais no índice justificam múltiplos elevados

Bolsa de Nova York: índice S&P 500 acumula mais de 30% de alta desde abril (xPACIFICA/Getty Images)

Bolsa de Nova York: índice S&P 500 acumula mais de 30% de alta desde abril (xPACIFICA/Getty Images)

Publicado em 25 de setembro de 2025 às 07h40.

O S&P 500 está operando em níveis historicamente elevados, mas os atuais múltiplos podem ser sustentáveis diante do novo perfil das empresas que compõem o índice. Essa é a análise de estrategistas do Bank of America (BofA).

Em relatório a clientes divulgado na última quarta-feira, 24, a equipe liderada por Savita Subramanian, chefe de ações e de estratégia quantitativa do banco, afirmou que o índice está em patamares estatisticamente elevados em 19 de 20 métricas internas acompanhadas pelo BofA — quatro delas em máximas históricas.

Ainda assim, Subramanian destacou que fatores como menor alavancagem financeira, maior eficiência, margens mais estáveis e menor volatilidade nos lucros dão suporte às avaliações atuais. A análise contrasta com visões em Wall Street que comparam os múltiplos de hoje à bolha da internet no fim dos anos 1990.

“O índice mudou significativamente desde os anos 80, 90 e 2000. Talvez devêssemos ancorar os múltiplos de hoje como o novo normal, em vez de esperar um retorno à média de uma era passada”, escreveu Subramanian na nota enviada aos clientes.

Alta do índice americano

De acordo com informações da Bloomberg, o S&P 500 acumula alta superior a 30% desde a mínima de 8 de abril, mesmo com incertezas em torno das tarifas do presidente Donald Trump e seus impactos sobre crescimento e inflação.

No mesmo período, o índice registrou 108 sessões consecutivas sem queda de pelo menos 2%, a sequência mais longa desde julho de 2024.

Nesta semana, a relação preço/lucro projetada em 12 meses do índice atingiu 22,9 vezes, nível superado neste século apenas em duas ocasiões: durante a bolha das empresas de tecnologia e no rali da pandemia em 2020, quando o Federal Reserve reduziu os juros a quase zero.

O próprio presidente do Fed, Jerome Powell, disse em discurso na terça-feira que, por várias métricas, os preços das ações estão “bastante elevados”.

O BofA ressaltou que o índice nunca esteve tão caro em medidas como valor de mercado em relação ao PIB dos EUA ou em diversos múltiplos de preço/lucro.

No entanto, segundo Subramanian, esse cenário não conta toda a história, já que a composição do índice hoje é de qualidade superior às décadas anteriores e pode se beneficiar do ciclo de cortes de juros pelo Fed.

“Comprar ações nesses múltiplos parece ruim”, escreveu. Mas, segundo ela, um boom em vendas, lucros e PIB poderia “resolver essa situação aparentemente insustentável”, justificando os níveis atuais.

“Com as principais regiões em modo fiscal expansionista, e com o Fed cortando juros em meio a um cenário de lucros mais amplos e acelerados, não é difícil argumentar” a favor desse boom, afirmou.

A analista concluiu que este cenário é o desfecho estatisticamente mais provável para 2026, superando riscos de estagflação ou recessão.

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