Softbank: ações do conglomerado japonês tiveram seu pior dia desde abril, segundo dados da LSEG (winhorse/Getty Images)
Repórter
Publicado em 5 de novembro de 2025 às 08h53.
As ações do conglomerado japonês SoftBank fecharam em queda de 10% nesta quarta-feira, em Tóquio, acompanhando o movimento de baixa de empresas ligadas à inteligência artificial (IA). O tombo apagou cerca de US$ 23 bilhões em valor de mercado e marcou o pior desempenho do grupo desde abril, segundo dados da LSEG.
O SoftBank tem uma ampla carteira de investimentos em IA, que inclui infraestrutura, chips e aplicativos. O grupo é o principal acionista da Arm Holdings, fabricante britânica de chips cujos projetos são usados em processadores de IA. As ações da Arm, listadas na Nasdaq, caíram 4,71% na véspera.
A empresa japonesa também comprou neste ano a Ampere Computing, para reforçar sua presença em data centers de IA, e investe em companhias como OpenAI, OpusClip — plataforma de edição de vídeo com IA generativa — e Tempus AI, voltada à medicina de precisão.
Outras ações de tecnologia na Ásia também recuaram. A Advantest, fabricante japonesa de equipamentos de teste para semicondutores, caiu mais de 5%, enquanto a Renesas Electronics perdeu 4,27% e a Tokyo Electron, produtora de equipamentos de chips, recuou 4,08%.
Na Coreia do Sul, Samsung Electronics e SK Hynix recuaram 4,1% e 1,19%, respectivamente. Em Taiwan, a TSMC, maior fabricante de chips sob contrato do mundo, caiu 2,99%.
Na véspera, os principais índices de Wall Street fecharam em queda, pressionados por uma realização em papéis ligados à inteligência artificial. O S&P 500 recuou 1,17%, enquanto o Nasdaq perdeu 2,04% e o Dow Jones caiu 0,53%.
O movimento refletiu o recuo de grandes nomes do setor. As ações da Palantir caíram cerca de 8%, mesmo após resultados acima das estimativas do terceiro trimestre, em meio a preocupações com valuations elevados.
Outras companhias americanas também caíram no pregão da véspera: Oracle recuou 3,75%, AMD perdeu quase 3,7%, Nvidia caiu 3,96% e Amazon teve queda de 1,8%.
A forte valorização das companhias de IA tem alimentado receios de uma bolha tecnológica. O veterano de mercado Louis Navellier afirmou em nota que há “temor de uma correção da IA” que pode atingir o restante do mercado “devido ao peso das empresas líderes”.
Outros analistas compararam o cenário atual à bolha das empresas de internet do fim dos anos 1990. Jared Bernstein, ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos do governo Joe Biden, observou que o investimento em IA já representa uma fatia da economia quase um terço maior do que durante a bolha da internet.
O investidor Michael Burry, conhecido por prever a crise de 2008, também vem apostando contra o setor. Em documento recente, sua gestora Scion Asset Management revelou posições vendidas em empresas como Palantir e Nvidia, ambas referências no mercado de IA e semicondutores.
Mesmo assim, parte dos analistas vê o movimento como temporário. Dan Ives, diretor-gerente e analista sênior de ações da Wedbush, afirmou que não se trata de “uma correção estrutural”, mas de um ajuste pontual.