Dólar: Num contexto mais amplo, o banco francês considera que o ciclo de baixa de longo prazo para as moedas emergentes ainda não acabou, mas terá um "adiamento" em 2021 (Lee Jae-Won/Reuters)
Reuters
Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 09h37.
Última atualização em 8 de dezembro de 2020 às 10h06.
O Société Générale ainda aposta que o dólar baterá 6 reais, com pressão cambial advinda de expectativa de desaceleração no crescimento econômico brasileiro, deterioração nos cenários fiscal e de dívida e de juros baixos.
O banco francês iniciou aposta pró-dólar com a moeda a 5,22 reais, com meta de 6,0 reais e "stop loss" em 4,9 reais.
A perspectiva do banco francês contrasta com o recente desempenho do real, que, em alta de 12,4% desde 3 de novembro, ostenta a melhor performance entre as principais divisas globais desde as eleições presidenciais norte-americanas.
O banco avalia que há "crescentes" riscos de outra desaceleração econômica no país no primeiro semestre de 2021 por causa de uma "segunda onda de covid-19". Os analistas classificam o noticiário sobre as vacinas como "positivo", mas dizem que pode levar tempo até que alguma esteja disponível e que a população seja vacinada.
"No Brasil, os casos de coronavírus estão crescendo de novo, e o risco de as contas fiscais continuarem se deteriorando para evitar uma forte desaceleração econômica provavelmente manterá o real sob pressão", afirmaram em relatório de cenários para o câmbio global em 2021.
O Société Générale projeta que a dívida como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) deverá continuar a aumentar e alcançar cerca de 100% no ano que vem.
Ao mesmo tempo, o banco acredita que o Banco Central manterá baixas as taxas de juros, o que não daria um "colchão" aos investidores.
O Société calcula que o dólar fechará o primeiro trimestre de 2021 em 5,7 reais, alta de 11,2% ante o fechamento anterior (5,1251 reais). Ao fim dos trimestres seguintes, a moeda ficará em 5,6 reais, 5,7 reais e 5,8 reais, respectivamente.
Num contexto mais amplo, o banco francês considera que o ciclo de baixa de longo prazo para as moedas emergentes ainda não acabou, mas terá um "adiamento" em 2021.
No caso de uma reversão de trades relacionados à Covid-19, moedas "excessivamente fracas" com fundamentos mais vulneráveis devem superar aquelas com melhor resiliência dos fundamentos. "Essa rotação significa que o desempenho médio das moedas emergentes deve ser praticamente estável em 2021, mas com o alto grau de divergência visto em 2020 continuando no próximo ano."
O banco projeta que as divisas da Ásia e da América Latina terão desempenho inferior e que as taxas de câmbio de Europa, Oriente Médio e África (EMEA) e Europa emergente serão destaques positivos.
"Em um mundo pós-Covid, é improvável que a volatilidade do câmbio fique deprimida, independentemente do formato da recuperação. Com bancos centrais congelando a volatilidade das taxas de juros em meio a um crescimento não uniforme, as moedas são um grande absorvedor de choques macro."