Invest

Sob pressão dos bancos, governo aumenta juros no consignado para 2,14%

A partir do próximo ano, esse teto, que era de 1,80%, voltará para o patamar de 2,14% ao mês

. (Towfiqu Photography/Getty Images)

. (Towfiqu Photography/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de dezembro de 2021 às 09h54.

Última atualização em 7 de dezembro de 2021 às 09h57.

O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou nesta segunda, 6, por unanimidade, o aumento do teto de juros para empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do INSS - aquele com o desconto já na folha de pagamento. A medida era cobrada pelos bancos. A partir do próximo ano, esse teto, que era de 1,80%, voltará para o patamar de 2,14% ao mês, que vigorou até o início da pandemia. Nas operações realizadas com cartão de crédito, a taxa vai sair de 3% para 3,06% ao mês.

"Importante destacar que, aqui no conselho, nós definimos o teto de juros do consignado, não a taxa que será aplicada", afirmou em nota o secretário de Previdência do Ministério do Trabalho e Previdência, Leonardo Rolim.

Segundo o ministério, essa alta na taxa foi motivada pelo aumento da taxa básica de juros, a Selic, e da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) nos últimos meses. De acordo com o órgão, os conselheiros reconheceram a necessidade de mudar a taxa para se adequar às oscilações do mercado financeiro. O CNPS deverá publicar uma resolução com a recomendação para o INSS alterar o teto das operações de crédito.

Também a partir de 2022 aposentado ou pensionista do INSS poderá comprometer até 35% de sua renda mensal com o consignado, sendo 30% para o empréstimo e 5% para o cartão de crédito consignado. Durante a pandemia, esse limite foi ampliado para 40%, no empréstimo, e 5% no cartão de crédito. Já o prazo máximo para quitar o empréstimo cairá dos atuais 84 meses (sete anos) para 72 meses (seis anos) também a partir de janeiro de 2022.

Bancos

Em nota, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) afirmou que a alta no limite dos juros vai permitir uma ampliação da oferta dos financiamentos, que têm custo mais baixo, já que são atrelados à folha de pagamento.

"Os bancos entendem ser importante evitar que o custo de captação e as despesas do crédito consignado inviabilizem a concessão de benefícios a uma parcela significativa destes aposentados e pensionistas, particularmente neste período de final e início de ano", afirmou a entidade. "O retorno ao patamar de 2,14%, que valeu de março de 2017 a março de 2020, mitigará esse problema."

Os bancos vinham pedindo uma revisão do teto anterior, válido desde o começo da pandemia, diante do ciclo de aperto da taxa básica de juros. Como os custos de captação das instituições são atrelados à Selic, houve uma pressão de custos, de acordo com os bancos, que desestimulou a oferta do consignado.

Segundo a Febraban, citando dados do Banco Central, as concessões de empréstimos consignados caíram nos últimos meses, recuando de R$ 9,37 bilhões, em abril, para R$ 7,18 bilhões em outubro.

Acompanhe tudo sobre:BancosJurosGoverno Bolsonaro

Mais de Invest

Brasil encomenda crise futura ao manter juros altos por tanto tempo, diz Rubens Menin

Como a Exxon planeja recuperar US$ 4,6 bilhões em ativos 'confiscados' pela Rússia

Wall Street renova recordes pelo segundo dia seguido com expectativa de mais cortes de juros nos EUA

Receita Federal abre quinto lote de restituição do IR; veja quem recebe