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Sob o ruído do governo Trump, Verde diminui exposição a risco

Ganhos em fevereiro vieram de crédito e de operações de trading, com a perda nas posições de criptomoedas, inflação americana e bolsa global

Luis Stuhlberger: fundo Verde encerrou fevereiro com valorização abaixo do CDI (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Luis Stuhlberger: fundo Verde encerrou fevereiro com valorização abaixo do CDI (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 10 de março de 2025 às 19h35.

O volume do ruído das decisões do governo Trump aumentou e criou um ambiente de volatilidade. Em sua carta aos investidores, a gestão do tradicional fundo Verde, de Luis Stuhlberger, ressaltou o aumento significativo da incerteza no cenário global causada especialmente pelo presidente americano.

O fundo multimercado Verde, encerrou o mês de fevereiro com uma valorização de 0,55%, abaixo dos 0,99% do CDI. No acumulado de 2025, o fundo apresenta alta de 2,20%, superando o índice de referência, que subiu 2% no mesmo período.

Os ganhos do fundo em fevereiro foram impulsionados por operações em crédito e trading, enquanto as perdas vieram de posições em criptomoedas, inflação americana e na bolsa global.

“O desafio de rearranjar o sistema geopolítico global não é tarefa simples, e o uso de medidas tarifárias para alcançá-lo subestima uma série de complexidades das cadeias de suprimento formadas ao longo de quatro décadas”, destacou o fundo.

Além disso, a narrativa do governo americano, de promover um período de “desintoxicação” econômica, foi vista com cautela pelos mercados, que interpretaram isso como um potencial convite a uma recessão. O resultado foi uma queda nas taxas de juros e uma queda nos principais índices de ações.

Esse cenário de incerteza fez com que o fundo reduzisse significativamente seu risco, refletindo a cautela frente à imprevisibilidade das ações políticas e econômicas globais.

No Brasil, o fundo observou um agravamento das incertezas políticas locais, com destaque para a queda de popularidade do presidente Lula. A combinação de notícias negativas e a inflação elevada de alimentos afetaram a avaliação do governo, que viu sua imagem sofrer desgaste considerável.

Com a antecipação das discussões eleitorais de 2026, a gestão do fundo manteve uma postura cautelosa, evitando se posicionar de forma precipitada, mas com viés negativo, atento a sinais que possam indicar novas oportunidades no horizonte.

Em relação à alocação do fundo, a gestão adotou uma postura de prudência, ajustando suas posições diante do cenário de incerteza. Os ganhos vieram das operações de crédito e trading, enquanto as perdas foram registradas nas posições de criptomoedas, inflação americana e na bolsa global.

O fundo voltou a se posicionar comprado em inflação implícita na renda fixa local e iniciou uma posição tomada na parte longa da curva de juros. As alocações em ações foram reduzidas de forma significativa, com o fundo zerando boa parte de suas posições tanto no mercado local quanto global.

A estratégia foi reforçada com uma pequena posição comprada no dólar frente ao real, aproveitando a fraqueza do dólar global.

Além disso, o fundo manteve sua alocação em criptomoedas e também manteve uma pequena posição comprada em petróleo. As posições em crédito high yield, tanto local quanto global, foram mantidas, mantendo a estratégia de diversificação.

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