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SL Tools: grande aposta para 2023 está em plataforma de block-trade

Fintech aguarda licença para operar como mercado de balcão organizado, prevista para sair no início de 2023

 (SL Tools/Divulgação)

(SL Tools/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 22 de dezembro de 2022 às 18h27.

Última atualização em 17 de janeiro de 2023 às 10h47.

A SL Tools está longe de ser uma novata no mercado de capitais, mas, para 2023, mira se estruturar de uma forma que fique quase impossível desconhecê-la no cenário nacional. A fintech, que hoje opera um marketplace de aluguel de ações, aguarda ansiosa a licença para operar como um mercado de balcão organizado (uma antessala de uma bolsa de valores, em uma explicação bastante simples). A animação vem desde o meio do ano, com a resolução 135 da CVM, que substituiu a 461/07 e passou a permitir a realização de operações com grandes lotes de ações em ambientes de negociação específicos. 

Para entender a empresa, é necessário entender o que muda com a nova norma. A regra visa trazer mais eficiência para a negociação de grandes lotes de ações, permitindo que, em vez de serem negociados somente na B3 — via leilões — eles possam ter um ambiente próprio para que isso seja resolvido. A partir desse aval, é necessário lembrar que a B3 tem três ‘ambientes’ dentro de si, o de negociação a liquidação (CCP) e a depositária (onde quem vendeu ações transfere para o comprador). A SL Tools vai atuar no primeiro ambiente, o de negociação (assim que tiver a licença para isso, esperada para 2023) focada nos grandes lotes de ações. A ideia é que a tecnologia proprietária da SL Tools permita ganhos de escala na negociação e nos processos eletrônicos na pós negociação.

E, afinal, o que seriam os tais ‘grandes lotes’? Variam, de acordo com a mediana de volume diário negociado para cada papel. A menor faixa é a daqueles que têm mediana de 500 mil reais ou menos, para os quais o grande lote mínimo é de R$ 500 mil. Já para ações que têm mediana de volume diário negociado acima de R$ 1,5 bilhão, o grande lote mínimo é de R$ 8,5 milhões.

“A nova norma abriu espaço para uma indústria que se torna cada vez maior. Em 1991, o tamanho da indústria de fundos brasileira era de R$ 225 bilhões. Em agosto deste ano, está em R$ 7,3 trilhões. Cresceu trinta e cinco vezes. Com uma regra mais atualizada, a ideia é que a regulação acelere o processo de negociação e seja capaz de aperfeiçoar o mercado”, diz André Duvivier, ex-trader da Merrill Lynch e fundador da SL Tools, à Exame Invest.

Na visão do executivo, a licença para operar no mercado de balcão organizado já será, de antemão, um divisor de águas importante na história da empresa. Mas não descarta, no futuro, que a plataforma possa efetivamente virar uma exchange. “É um passo muito próximo. Para conseguir se enquadrar para ter a licença de mercado, já é necessária uma governança muito alta. A princípio, acreditamos que será possível conseguir tudo que queremos dentro do mercado de balcão, mas, se o tempo passar e acharmos que é necessário ter mais, vamos pedir uma licença de bolsa”, afirma.

A empresa não é a única a almejar esse passo. A registradora CSD BR também segue o mesmo objetivo, tendo a seu favor a parceria com a Chicago Board Options Exchange (CBOE) — dona da maior plataforma de block trade da Europa e dos Estados Unidos. A empresa já afirmou que, além da autorização para atuar como plataforma de grandes lotes, também espera conseguir operar como liquidante e depositária de ativos. 

Enquanto a licença não vem

Por enquanto, a SL Tools vai galgando espaço, dentro do que a lei permite. Fundada em 2017, a partir do inconformismo de Duvivier com a ineficiência do mercado de aluguel de ações, a companhia busca ampliar cada vez mais sua atuação. O primeiro negócio deu certo: estabelecido pela companhia no mercado, conta com 80 gestoras e oito corretoras usando a plataforma, que digitalizou todo o processo. 

De olho na expansão, a empresa abriu no ano passado uma rodada seed, da qual participou a 2TM Ventures, braço de venture capital da controladora do Mercado Bitcoin. Parte dos recursos foi usada para o lançamento, feito há cerca de um mês, de uma plataforma de negociação eletrônica de títulos de renda fixa — substituindo, mais uma vez, processos feitos até hoje por telefone. É só o primeiro passo. A ideia é incluir (também depois da licença de balcão organizado) outros títulos de crédito privado. 

Olhando ainda mais para frente, um dos planos da empresa é fazer com que o marketplace de renda fixa funcione com blockchain, eliminando a necessidade de uma clearing. Mas isso, é claro, são planos bem mais distantes. O grande foco, para o próximo ano, está totalmente direcionado à iniciativa de block-trade. 

“A gente quer ser um novo pool de liquidez. Precisamos, para crescer, que o investidor estrangeiro tenha conforto com a Receita, algo que já pode ser garantido por meio da regra estabelecida pela própria CVM. Estamos de olho principalmente no investidor institucional, uma vez que acreditamos que o varejo já está muito bem atendido”, diz Duvivier.

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