Invest

Silicon Valley Bank: como a crise pode mudar a trajetória dos juros nos EUA

Analistas e investidores estimam que o Fed possa mudar radicalmente o rumo da política monetária americana

Silicon Valley Bank: quebra do banco pode mudar trajetória de juros nos EUA (Sheldon Cooper/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Silicon Valley Bank: quebra do banco pode mudar trajetória de juros nos EUA (Sheldon Cooper/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 13 de março de 2023 às 12h37.

Última atualização em 14 de março de 2023 às 08h10.

Em apenas seis dias a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) pode estar próxima de mudar a trajetória da política monetária dos Estados Unidos.

Como primeiras medidas para conter a crise, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou no domingo, 12, um pacote de socorro por parte do fundo garantidor de crédito americano, o FDIC, que irá cobrir até US$ 250 mil em depósitos. O Fed também anunciou a criação de um programa de fundo bancário para proteger as instituições afetadas pela instabilidade no mercado após a falência do SVB.

Os analistas, no entanto, estimam que o Fed deve ir além e pode mudar radicalmente o rumo da política monetária dos EUA após o colapso do banco. Grande parte do mercado estimava uma elevação de 0,5 ponto percentual nos juros americanos na próxima decisão, que será tomada na quarta-feira da próxima semana, 22. 

Depois da crise no SVB, no entanto, as perspectivas agora apontam quase 80% de chance de alta de apenas 0,25 p.p, segundo ferramenta de monitoramento do CME Group. Os outros 20% esperam manutenção da taxa, algo que estava fora do radar antes do estouro da crise.

“Com a pressão do aumento de juros ameaçando causar estresse além do SVB, o Fed pode muito bem fazer uma pausa na trajetória de alta dos juros - se não em 22 de março, logo depois. E se mais bancos entrarem em problemas, os cortes nas taxas de juros podem não estar muito longe”, avaliaram, em relatório, os analistas da Gavekal Research.

A equipe do Goldman Sachs anunciou que também não espera uma alta na decisão da próxima semana. “À luz do estresse recente no sistema bancário, não esperamos mais que a próxima reunião do Fed entregue um aumento de taxas em 22 de março, com considerável incerteza sobre o caminho além de março.” Antes o banco prévia aumento de 25 pontos-base para a próxima reunião.

Veja também

O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?

Na quarta-feira à noite, o SVB, banco financiador de startups no Vale do Silício, surpreendeu o mercado ao anunciar que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.

O anúncio gerou pânico nos mercados e os clientes da instituição correram para sacar mais de U$ 40 bilhões de depósitos, gerando a maior crise no setor desde 2008.

A derrocada é outra consequência da campanha agressiva do Fed em subir juros para controlar a inflação. De um lado, os rápidos aumentos de juros forçam os bancos a pagar rendimentos maiores para reter depósitos. De outro, o aumento do rendimento dos títulos reduz o valor dos bonds mantidos nos balanços dos bancos, pressionando a sustentabilidade financeira das instituições.

Além disso, quando as taxas de juros sobem, as startups têm mais dificuldade em acessar financiamento com os empréstimos ficando mais caros. A combinação de fatores foi responsável pela corrida de resgates no SVB.

Acompanhe tudo sobre:Bancos quebradosEstados Unidos (EUA)JurosFed – Federal Reserve SystemSilicon Valley Bank (SVB)

Mais de Invest

Receita abre nesta sexta-feira consulta ao lote residual de restituição do IR

O que é circuit breaker? Entenda e relembre as ‘paradas’ da bolsa brasileira

15 ideias de fazer renda extra pela Internet

Mutirão de negociação: consumidores endividados têm até dia 30 para renegociar dívidas