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Siderúrgicas perdem R$ 1,7 bilhão em um dia no Brasil

No ano passado, o País exportou 15,3 milhões de toneladas de aço, dos quais 4,7 milhões foram para o mercado norte-americano

Donald Trump: medida será detalhada a partir da próxima semana (Leah Millis/Reuters)

Donald Trump: medida será detalhada a partir da próxima semana (Leah Millis/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de março de 2018 às 10h29.

São Paulo - As siderúrgicas instaladas no Brasil estão preocupadas com a ameaça de taxação em 25% do aço importado pelos Estados Unidos. A medida, anunciada na quinta-feira pelo presidente Donald Trump, será detalhada a partir da próxima semana e coloca as indústrias em alerta.

"Um terço das exportações brasileiras de aço tem como destino os Estados Unidos", disse Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr). As ações da CSN, Usiminas e Gerdau fecharam com forte queda nesta sexta-feira, entre os piores desempenho da Bolsa. Juntas, as três perderam R$ 1,7 bilhão em valor de mercado.

No ano passado, o País exportou 15,3 milhões de toneladas de aço, dos quais 4,7 milhões de toneladas (US$ 2,6 bilhões em receita) foram para o mercado norte-americano, segundo a IABr. Só a CSA, que pertence ao grupo ítalo-argentino Ternium, tem contrato anual de 2 milhões de toneladas de aço para a Calvert, no Alabama. A francesa Vallourec, com unidades em Minas Gerais, exporta 70% de sua produção, boa parte para os EUA.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que a decisão dos EUA de impor sobretaxas é "injustificada, ilegal e prejudica o Brasil". Para a entidade, as medidas anunciadas por Trump "vão afetar US$ 3 bilhões em exportações brasileiras de ferro e aço e US$ 144 milhões em exportações de alumínio".

A CSN e outras siderúrgicas no País começaram a intensificar as exportações nos últimos anos, após a longa recessão que se abateu sobre o Brasil. Fontes ligadas à siderúrgica comandada pelo empresário Benjamin Steinbruch afirmaram que a empresa aposta na recuperação do mercado interno. A CSN exporta placas para sua unidade em Indiana, nos EUA, que é reindustrializada.

Os papéis da CSN encerraram a sexta-feira com recuo de 5,05%, cotados a R$ 9,21. As ações da Usiminas caíram 3,9%, a R$ 11,34, enquanto as da Gerdau baixaram 1,46%, a R$ 16,90 (os papéis da holding da família caíram 2,38%).

Para Lopes, do IABr, apostar na recuperação do mercado doméstico é uma temeridade. "O Brasil produziu 34 milhões de toneladas de aço em 2017, dos quais 15,3 milhões foram exportadas. Ainda há capacidade ociosa no País", disse ele, lembrando que o consumo aparente ficou em 19 milhões de toneladas no ano passado. "As vendas no mercado doméstico foram de 16 milhões de toneladas de toneladas."

No início desta semana, Lopes e representantes das principais indústrias instaladas no País participaram de reuniões nos EUA para tentar sensibilizar o governo americano sobre os impactos de tarifas sobre o aço brasileiro. "O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA, atrás do Canadá, e cerca de 80% do que o Brasil vende ao mercado americano é reprocessado. Os EUA importam cerca de 30 milhões de toneladas e, com essa medida, esse volume vai sobrar", disse.

Procurada, a Usiminas informou que as novas medidas a serem publicadas pelo governo dos EUA não devem ter impacto relevante para a empresa, uma vez que o país contribuiu com 4% das vendas externas da companhia no ano passado. A empresa destina apenas 15% de suas vendas totais ao mercado externo.

À reportagem, a Vallourec não revelou dados de exportação, mas afirmou que, atualmente, a unidade brasileira exporta aproximadamente 70% da produção e que o mercado americano é um dos principais compradores. A CSN não comentou o assunto. Já a Gerdau não retornou os pedidos de entrevista. (Colaboraram Lorenna Rodrigues, de Brasília, e Renato Carvalho, de São Paulo)

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