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Sem corte nos juros não há espaço para ações brasileiras subirem, diz JPMorgan

Último Copom foi "balde de água fria", segundo o banco, que vê o lucro das empresas mais apertado diante do cenário macroeconômico

Ibovespa: ações não vão subir se os juros não baixarem (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: ações não vão subir se os juros não baixarem (Germano Lüders/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 27 de março de 2023 às 11h43.

Última atualização em 27 de março de 2023 às 12h56.

Pior do que está não fica? Pois há quem diga que nada é tão ruim que não possa piorar. Para os analistas do JPMorgan, essa é a situação da Bolsa brasileira nesse exato momento: está em níveis baixos e pode, sim, piorar.

Para o banco, a grande questão está nos juros. O ETF do Ibovespa está sendo negociado abaixo de US$ 26, em um dos níveis mais baixos desde meados de 2020, no auge da pandemia. Para a equipe do banco, isso está acontecendo em meio a técnicas favoráveis: as posições são defensivas, as alocações são muito suaves e quase não há negociações direcionais líquidas.

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"Ressaltamos mais uma vez nossa visão central: há pouca possibilidade de o mercado subir na ausência de taxas mais baixas, ou pelo menos as expectativas de que haja um caminho para isso. Nesse sentido, o comunicado pós-Copom da reunião de 22 de março jogou água fria nas ações", escreve a equipe.

O banco aponta alguns fatores para essa visão. Entre os pontos estão a discussão do arcabouço fiscal, a inflação, a valorização do dólar, os ganhos fracos das empresas e os saques dos investidores estrangeiros.

Barata por quanto tempo?

"A questão-chave que paira em nossas mentes é se veremos as avaliações subindo novamente quando as taxas caírem", diz o banco. Embora as taxas mais baixas devam levar a uma reclassificação, a preocupação dos analistas é que a compressão dos lucros possa continuar, considerando a forte desaceleração econômica já em vigor e uma iminente recessão nos Estados Unidos no final do ano. O Brasil está sendo negociado a 6,6 vezes.

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Com quase metade da avaliação dos mercados emergentes (11,7x), é apenas mais caro do que a Hungria, Turquia e Colômbia. No entanto, as expectativas de ganhos também são muito ruins. "Em suma, as taxas devem ser o fator que nos permite responder à pergunta que vem se tornando mais frequente nos últimos tempos: o Brasil é uma armadilha de valor?"

Arcabouço fiscal em destaque

O banco espera que o novo marco fiscal seja apresentado em 15 de abril, já que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as regras fiscais serão apresentadas junto com a orientação orçamentária de 2024 (LDO).

"Um bom pacote fiscal deve percorrer um longo caminho para fornecer algum alívio ao mercado, considerando que é um elemento-chave no caminho para taxas mais baixas. Da mesma forma, um pacote mal elaborado levaria a outra perna para baixo, em nossa opinião", escrevem, destacando que em viagem a Brasília, a equipe saiu com a mensagem de que o projeto de lei não deveria enfrentar oposição no Congresso e que poderia ser aprovado com relativa rapidez.

Meta de inflação

Em junho será realizada a reunião do Conselho Monetário Nacional que definirá a meta para 2025 e poderá levar à revisão da meta para 2023 e 2024. "A autoridade monetária deixou bem claro que, considerando o atual quadro de metas de inflação, as taxas de juro não podem cair mais", observa o banco, destacando, também que a inflação está caindo, ainda que lentamente.

Insegurança regulatória

Os investidores estão tendo de lidar com inseguranças regulatórias, segundo o banco, como as falas do presidente e outras pessoas do governo sobre questões importantes. Um exemplo é o questionamento em torno da privatização da Eletrobras, a ideia de um teto para a taxa de juro dos empréstimos consignados, a taxação sobre exportação de petróleo e o inchaço prometido para o BNDES.

S&P é figura-chave

O banco explica que, se o S&P tiver um ajuste importante, como a equipe espera, é quase impossível que ativos de risco como as ações brasileiras tenham um bom desempenho. O estrategista de mercados emergentes do JPMorgan, Pedro Martins, mostrou que em 84% dos últimos 265 meses (desde 2001) as ações dos EUA e mercados emergentes produziram retornos na mesma direção.

"O Brasil teve o terceiro pior desempenho em relação aos mercados emergentes em momentos em que tanto os mercados emergentes quanto os EUA estavam caindo, atrás apenas da Polônia e da Grécia." Além disso, o dólar segue forte e valorizando.

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