Mercados

Sem concurso, CVM pode ter apagão de pessoal em 2018

A previsão é que o déficit de servidores chegará a 31% no fim de 2018, afetando a capacidade do órgão de monitorar e punir infrações no mercado financeiro

CVM: o último concurso foi em 2010 e permitiu o ingresso de 236 servidores entre 2011 e 2016 (Reprodução/CVM/Reprodução)

CVM: o último concurso foi em 2010 e permitiu o ingresso de 236 servidores entre 2011 e 2016 (Reprodução/CVM/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de julho de 2017 às 11h43.

Rio de Janeiro - Com a prateleira lotada de investigações espinhosas, como os inquéritos envolvendo o possível uso de informações privilegiadas na JBS e os desdobramentos societários da corrupção na Petrobrás, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) corre o risco de sofrer um apagão por falta de pessoal em 2018.

O alerta foi feito pelo presidente da autarquia, Leonardo Pereira, em relatório divulgado ontem. A previsão é que o déficit de servidores chegará a 31% no fim de 2018, afetando a capacidade do órgão regulador de monitorar e punir infrações no mercado financeiro.

Pereira vem batendo nessa tecla em documentos oficiais desde 2015, destacando a insuficiência de pessoal como um dos fatores limitadores à atuação da instituição, em especial na prevenção de delitos.

A CVM é constantemente acusada de só agir depois que os problemas já aconteceram. A menos que haja uma surpresa, o executivo deixará o cargo, no dia 14, sem conseguir emplacar novo concurso.

O último concurso foi em 2010 e permitiu o ingresso de 236 servidores entre 2011 e 2016. Em junho do ano passado o Ministério do Planejamento vetou a abertura de um processo seletivo, ignorando os apelos da CVM e da Fazenda, pasta à qual é vinculada. No início de 2017 a xerife do mercado bateu à porta de novo, mas não teve retorno.

A CVM é autorizada a ter até 610 funcionários em seus quadros, mas hoje apenas 477 vagas estão ocupadas. Ao longo do ano que vem são esperadas 43 aposentadorias e 15 exonerações de servidores.

Com isso, a autarquia passará a ter 191 postos vagos ou déficit de 31%. Caso a previsão se confirme, o quadro da CVM retrocederá a níveis similares aos de 2009, quando estava em situação crítica.

Prejuízos

O relatório de Supervisão Baseada em Risco 2015-2016 afirma que a falta de recursos humanos trará prejuízos às atividades da casa. Como a CVM opera com cobertor curto, o problema pode se agravar caso outros servidores peçam para sair ou antecipem sua aposentadoria, o que é imprevisível.

"Nesse patamar, o déficit de servidores da autarquia chegará a aproximadamente 31%, o que acarretará prejuízos diretos às suas atividades, em especial as de supervisão e sanção. Essa limitação também ampliará o risco operacional da instituição, inclusive em razão do tempo necessário para a plena capacitação dos novos servidores às novas funções", diz o texto.

A CVM destaca a importância de ter um orçamento compatível com os investimentos necessários em sistemas de informação. Eles são fundamentais para a análise do imenso volume de dados do mercado de capitais.

Os investimentos em sistemas foram severamente afetados pelo contingenciamento do orçamento em 2015, em decorrência do ajuste fiscal. A CVM chegou a falar em risco real da paralisação de suas atividades.

A situação foi regularizada no ano passado, mas houve consequências contratuais com fabricantes de software e atrasos na homologação de sistemas importantes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Mercado financeiroCVMFiscalização

Mais de Mercados

Goldman Sachs vê sinal de novo corte de juros em outubro após coletiva de Powell

Remédio no supermercado tem efeito limitado sobre farmácias da bolsa, avalia Santander

Citi alivia para o Banco do Brasil (BBAS3) e dá 'upgrade' em ação

Venda da Avon Internacional cheira a sucesso e Natura dispara até 15% na bolsa