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Sem atuação do BC, dólar fecha no maior valor desde 2009

Operadores, no entanto, acreditam que é cedo para afirmar que o Banco Central não deve atuar com a moeda acima de R$ 1,90

Notas de dólar (Getty Images)

Notas de dólar (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2012 às 20h30.

São Paulo - O dólar fechou em alta ante o real pela quinta sessão seguida nesta quarta-feira, após subir mais de 1 por cento ao longo do dia, mesmo sem a atuação do Banco Central, que não atua no mercado há dois pregões. Operadores, no entanto, acreditam que é cedo para afirmar que o BC não deve atuar com a moeda acima de 1,90 real.

O dólar encerrou a sessão com avanço de 0,93 por cento, negociado a 1,9247 real na venda, a maior cotação desde o término do pregão do dia 17 de julho de 2009, quando ficou em 1,9280 na venda.

Ajudaram na alta do dólar nesta quarta-feira o cenário externo mais negativo e um possível fluxo de saída da divisa norte-americana do país, ainda segundo operadores.

Durante a sessão, a moeda norte-americana oscilou entre 1,9070 real e 1,9303 real -quando chegou a registrar alta de 1,22 por cento.

Na segunda-feira, o dólar já obteve forte alta, de 1,08 por cento, a 1,9070 na venda, ultrapassando a barreira de 1,90 real, que não atingia desde setembro passado.

"Fala-se no piso de 1,90 real e antes se falava em 1,80 real. Agora pode ser até 2 reais. Acho que ainda é prematuro falar de um novo nível de atuação do BC e sobre qual patamar ele quer a moeda", disse um operador de câmbio que prefere não ser identificado.

Essa fonte diz acreditar que o mercado ainda está em dúvida sobre quando o Banco Central deve voltar a intervir no mercado e em que patamar.

Abril foi marcado por uma forte atuação do BC, que chegou a fazer dois leilões de compra de dólares no mercado à vista por sessão. Com essa atuação, o dólar encerrou o mês com uma valorização acumulada de 4,42 por cento ante o real.

Na última segunda-feira, no entanto, já com a divisa norte-americana em alta, o BC optou por não atuar no mercado.

O operador ouvido pela Reuters ainda destacou que, no início do mês, o mercado também costuma registrar um baixo volume de operações, e um fluxo de saída de dólares pode facilmente ter puxado a moeda para cima. "Sazonalmente, no início do mês as apostas não são tão grandes", avaliou.


"Houve um movimento de alta lá fora, que acompanhamos principalmente pela manhã, mas à tarde a tendência dos mercados ficou mista. Acredito que a alta aqui foi mais pontual, com algum fluxo de saída (de dólares)", afirmou o operador.

No mercado doméstico foi divulgado nesta quarta-feira o fluxo cambial -entrada e saída de moeda estrangeira no país-, que ficou positivo em 5,803 bilhões de dólares em abril, até o dia 27, segundo informou o BC.

O forte movimento no mês passado, puxado pela balança comercial, coincidiu com essa atuação mais intensa do BC no mercado, que comprou mais dólares do que os que entraram no período, incorporando às reservas internacionais, por meio de leilões de compra de dólares no mercado à vista, 7,223 bilhões de dólares até o dia 27 de abril.

Para o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno, aparentemente não houve motivo específico para que o dólar acelerasse ganhos ante o real nesta quarta-feira, embora afirme acreditar também que, no geral, a moeda acompanhou o movimento visto no exterior.

Às 17h14 (horário de Brasília), o dólar tinha alta de 0,35 por cento ante uma cesta de moedas, após a divulgação de indicadores fracos nos Estados Unidos e na zona do euro.

Entre os números anunciados estão o de desemprego na zona do euro, que subiu para 10,9 por cento em março, mantendo o recorde de alta de 15 anos atrás.

Já nos EUA foi liberado relatório dando conta de que as novas encomendas de bens às indústrias do país registraram em março sua maior queda em três anos.

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