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Selic: apesar de temores fiscais, taxa não deve voltar a subir em 2023, diz Citi

Banco prevê que taxa de juros irá encerrar o próximo ano abaixo do esperado pelo mercado; "condições globais devem ajudar o Banco Central"

Citi: banco projeta Selic a 10,5% para o fim de 2023 (Emmanuel Dunand/AFP)

Citi: banco projeta Selic a 10,5% para o fim de 2023 (Emmanuel Dunand/AFP)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 16h18.

Última atualização em 12 de dezembro de 2022 às 16h19.

O mercado tem precificado nas últimas semanas a possibilidade de o Banco Central ter que voltar a subir juros no ano que vem. Mas as apostas, que tem como pano de fundo o aumento de gastos da PEC da Transição e sinalizações expansionistas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, devem ser frustradas pelo cenário econômico mais fraco em 2023. Essa é a perspectiva de Leonardo Porto, economsita-chefe do Citi para o Brasil.

"A barra para o Banco Central subir juros está bem mais alta do que o mercado está precificando, que é uma alta de juros para o primeiro trimestre [de 2023]. Não consigo ver esse cenário", afirmou Porto, em evento para jornalistas sobre as projeções do banco para o ano que vem.

Segundo o economista, o enfraquecimento da economia internacional previsto para o próximo ano deve jogar contra as apostas de alta de juros. "As condições globais devem ajudar o Banco Central [no controle da inflação]. Se estivermos certo que o mundo está indo para o limiar de uma recessão global, precisará de menos política monetária para desacelerar a economia", disse.

Porto ainda apontou que há uma "inconsistência" entre o que o mercado de juros e o de câmbio precificam. "O câmbio [real] deveria estar muito mais depreciado para eu ver uma pressão inflacionária latente engatilhando uma mudança de plano do Banco Central."

Pelo cenário base do Citi, o Comitê de Política Montária (Copom) do BC deve começar a cortar juros a partir de agosto, encerrando 2023 com a Selic a 10,50%. A taxa é abaixo da mediana de mercado do Focus, que prevê Selic a 11,75% para o fim do próximo ano. O que está sujeito às políticas expansionistas do novo governo, pontuou Porto, é o timing para o corte de juros começar. Mas novas altas, disse, estão praticamente descartadas.

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Parte dessas expectativas deriva de pressões inflacionárias mais baixas para o ano que vem. A projeção do Citi para o IPCA de 2023 é de 4,5%, também abaixo do cenário do Focus, de IPCA acima de 5% para 2023.

As condições, se confirmadas, devem abrir caminho para a Selic cair a 8% em 2024, segundo o Citi. O percentual, considerado pelo banco como a taxa de equilíbrio, incluiria 5% de juro real mais 3% de inflação.

As projeção, no entanto, partem do princípio de que a dívida pública brasileira, hoje em 76,8%, termine o governo Lula abaixo de 90%.

O cálculo considera a queda gradativa de gastos sem a contrapartida de aumento da receita. Esse saldo negativo, pelas contas do Citi, deve ser próximo de R$ 150 bilhões em 2023 e cair de R$ 50 bilhões em R$ 50 bilhões até ser zerado no último ano de mandato do petista, em 2026.

Essa redução do impacto fiscal, de acordo com Porto, deve ser compensada por uma reforma tributária que aumente a arrecadação do governo. "Caminhamos para um cenário de mais gastos do que nos últimos anos. Mas, para gerar aumento do superávit primário e estabilizar a dívida, será preciso uma carga tributária cada vez mais alta."

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