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Santander: recuperação judicial não é tendência mesmo com casos isolados

Banco provisionou RJ da Americanas e teve redução de 47% no lucro do último trimestre

Santander (SANB11) foi primeiro banco a apresentar seus resultados, com uma queda de 47% no lucro (Jakub Porzycki/Getty Images)

Santander (SANB11) foi primeiro banco a apresentar seus resultados, com uma queda de 47% no lucro (Jakub Porzycki/Getty Images)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 15h10.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2023 às 15h18.

Com Americanas (AMER3) em recuperação judicial e a Oi (OIBR3) seguindo pelo mesmo caminho, as atenções se voltam para os bancos, maiores credores das empresas endividadas. Investidores e analistas querem saber como o setor de crédito vai lidar com as gigantes bloqueando suas dívidas e entender se existe um risco de que outras empresas sigam pelo mesmo caminho.

Para o alto escalão do Santander Brasil (SANB11), o primeiro ponto é que não existe uma tendência e que os casos atuais de recuperação judicial são isolados. Sem citar nomes, Mario Roberto Opice Leão, CEO do Santander Brasil, disse que as ocorrências recentes não devem levar os bancos a aumentar as provisões contra devedores de forma generalizada.

O executivo admite que existe um cenário de deterioração macroeconômica com os juros em patamar elevado – a Selic se mantém na casa dos dois dígitos há mais de um ano. Juros mais altos podem afetar a operação das companhias, em especial as que já estão endividadas. Ainda assim, Opice Leão não vê grande risco para as operações de crédito.

“Não vejo deterioração de nomes médios e grandes devido aos juros mais altos. Ainda não vemos um efeito cumulativo de alavancagem e juros altos [que justifique um aumento generalizado de provisões]”, disse o executivo em coletiva após a divulgação do balanço do Santander. 

O banco apresentou números bem abaixo do esperado no quarto trimestre e um dos principais ingredientes para o resultado fraco foi a crise na Americanas. O Santander não citou a empresa nominalmente, mas atribuiu parte da queda de 47% no lucro líquido a um “evento subsequente”, ou seja, que ocorreu depois do fechamento do trimestre em dezembro.

O banco não menciona o nome da empresa devedora, mas considerando a dimensão e o período da dívida, o mercado trata como certo que as provisões são para a dívida da Americanas. O Santander não quis comentar o caso, mas reforçou que deve continuar atuando em operações de crédito de risco sacado, justamente onde se encontra a origem das distorções de R$20 bilhões no balanço da Americanas. 

“Estamos absolutamente tranquilos com a forma que atuamos e reportamos [as operações de] risco sacado. É um produto core para o Santander, que não vamos vai abrir mão”, disse.

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