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Santander, Bradesco, Itaú e BB: o que esperar dos 'bancões' no 3º tri

Santander e Bradesco são os primeiros a divulgar balanços, na próxima quarta-feira (28)

O candidato precisa ter 18 anos (completos até a data de contratação) e apresentar certificado de conclusão do ensino médio (Arquivo/Agência Brasil)

O candidato precisa ter 18 anos (completos até a data de contratação) e apresentar certificado de conclusão do ensino médio (Arquivo/Agência Brasil)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 06h00.

A temporada de resultados do terceiro trimestre para os grandes bancos brasileiros começa esta semana e, mais uma vez, deve deixar em evidência diferenças significativas entre as instituições.

O Goldman Sachs projeta expansão sequencial dos lucros, com destaque para o Itaú (ITUB4), que deve continuar apresentando retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) superior aos pares, de 22,4%. O Bradesco também deve registrar a maior alta de lucro trimestral, estimada em 4% no trimestre, contra 1% dos concorrentes, na média.

Em contrapartida, o Santander Brasil deve apresentar resultados praticamente estáveis, diante da pressão sobre sua margem financeira. Já a visibilidade sobre o Banco do Brasil (BBAS3) segue incerta, devido à deterioração da carteira de crédito rural e à concentração de parcelas rurais no trimestre.

O que esperar do balanço do Banco do Brasil (BBAS3)

O Banco do Brasil deve encerrar a temporada dos bancões e divulgará os números do terceiro trimestre no dia 12 de novembro. Deve apresentar os resultados mais fracos entre os grandes bancos, na projeção do Itaú BBA. Segundo estimativas da casa, o lucro deve atingir R$ 4,3 bilhões de lucro, com ROE de 9%, refletindo maior impacto de provisões, devido à piora na qualidade dos ativos, especialmente nos segmentos de agronegócio e PMEs (pequenas e médias empresas). Esses resultados devem marcar o piso dos lucros de 2025, com melhora esperada no quarto trimestre deste ano, o que permitiria ao banco cumprir o guidance do ano.

No entanto, o Itaú BBA acredita que os efeitos sobre 2026 ainda pesarão, pois o processo de reconstrução das provisões deve levar vários trimestres e "uma recuperação mais clara só é esperada no 2º semestre do ano que vem".

A Genial Investimentos também espera que o Banco do Brasil reporte mais um resultado pressionado pelo aumento da inadimplência. Enquanto pares mantêm ou elevam rentabilidade, o BB deve piorar ligeiramente ante o já fraco segundo trimestre, mantendo ROE abaixo de 10%, mesmo com suporte regulatório.

O time da Genial estima um lucro líquido de R$ 3,4 bilhões, representando uma queda expressiva de 9,4% em relação ao segundo trimestre e de 64,0% na comparação anual. O ROE deve recuar para 7,4%, significativamente abaixo do custo de capital do banco.

A Genial também reduziu suas estimativas de lucro líquido para 2025, de R$ 25,7 bilhões para R$ 21,2 bilhões, o que representa um recuo de 44,1% na base anual. Segundo a corretora, a combinação de um custo de crédito elevado e de uma geração de receitas mais comprimida deve exercer forte pressão sobre a rentabilidade neste ano. Com isso, projeta para o ano um ROE de 11,1%, queda expressiva de 9,74 pontos percentuais na base anual, com perspectiva de recuperação gradual nos anos seguintes, à medida que a inadimplência se estabilize e o ciclo do crédito agrícola seja normalizado.

A XP Investimentos também espera mais um trimestre pressionado, devido à desaceleração no crescimento das carteiras Corporate e Agronegócio, refletindo o ambiente mais desafiador, enquanto a carteira de pessoas físicas deve acelerar, principalmente em linhas garantidas como empréstimos consignados privados.

O Goldman Sachs prevê um lucro recorrente de R$ 3,8 bilhões, um recuo de 60% na base anual, pressionado em grande parte pelas provisões. Dada a concentração de parcelas de crédito rural no 3T25, a XP espera que as provisões do BB possam permanecer elevadas antes de diminuírem no final de 2025.

Enquanto isso, o Goldman Sachs projeta alguma melhoria na margem financeira líquida, parcialmente auxiliada pelas margens de passivo. No geral, espera que o ROE melhore modestamente para 8,5%, ante 8,4% no 2T25, mas ainda abaixo dos 21,1% no 3T24.

O que esperar do balanço do Bradesco (BBDC4)

O Goldman Sachs destaca que a rentabilidade do Bradesco está melhorando de forma consistente. Durante 2025, o banco apresentou uma recomposição de capital melhor do que o esperado, enquanto a rentabilidade segue em ritmo gradual de recuperação. O Bradesco divulgará seus resultados oficiais no dia 29 de outubro.

Segundo estimativas do Goldman Sachs, o lucro líquido recorrente do Bradesco deve atingir R$ 6,3 bilhões, alta de 4% em relação ao trimestre anterior e de 21% em relação ao ano anterior, refletindo principalmente uma margem financeira líquida ajustada ao risco sólida.

A margem financeira líquida deve se beneficiar de volumes, dias e da margem de passivos, enquanto a NII de mercado provavelmente permanece contida e em linha com as projeções. As provisões aumentam sequencialmente, mas analistas esperam que o custo do risco suba apenas 10 pontos-base no trimestre, para 4,5%.

Receitas de tarifas e seguros devem enfrentar comparações trimestrais fortes, mas continuam em expansão na comparação anual. Com isso, o ROE mantém sua melhoria gradual, atingindo 14,8%.

O UBS BB também espera nova expansão sequencial de lucro e rentabilidade no terceiro trimestre de 2025, com lucro totalizando R$ 6,3 bilhões e ROE de 14,9%. "A tendência positiva de resultados deve continuar, impulsionada principalmente pela expansão adicional da margem com clientes", comenta.

O Itaú BBA projeta lucro de R$ 6,4 bilhões e ROE de 15%, com alta sequencial de 5% impulsionada por crescimento da carteira, melhora da NIM ajustada ao risco e desempenho forte em seguros, mesmo diante de maiores investimentos em SG&A. Essa composição favorável deve sustentar as estimativas para 2026, segundo o banco.

O que esperar do balanço do Itaú (ITUB4)

O Itaú Unibanco, que divulgará seu balanço no dia 4 de novembro, deve registrar um crescimento mais moderado do lucro líquido no terceiro trimestre, segundo Goldman Sachs. O banco americano projeta resultado líquido recorrente de R$ 11,9 bilhões, desempenho 3% acima do trimestre anterior e 12% superior ao mesmo período do ano anterior.

A margem financeira líquida (NII) deve crescer 11% em relação ao ano anterior, apoiada pela margem de passivos e pelo maior número de dias, mas parcialmente compensada por menor contribuição das notas estruturadas. Já as receitas de tarifas devem melhorar sequencialmente, impulsionadas pela atividade em mercados de capitais.

O Goldman também espera que as provisões para perdas de crédito permaneçam sob controle e em linha com o guidance para o ano, enquanto ROE deve ficar em 23,3%, estável em relação aos 23,3% do 2T25 e superior ao 22,7% do 3T24.

Já o UBS BB projeta uma leve expansão das margens e nenhuma deterioração relevante na qualidade dos ativos no trimestre. Com isso, espera lucro de R$ 11,9 bilhões no terceiro trimestre, o que corresponde a um ROE de 23,2%.

O que esperar do balanço do Santander (SANB11)

Após um 2T25 modesto, o Santander Brasil deve apresentar melhora nas tendências operacionais no 3T25, resultando em expansão sequencial do lucro e recuperação parcial da rentabilidade, mesmo diante de maiores perdas nas operações de trading e ALM (gestão de ativos e passivos), na avaliação do UBS BB. Segundo estimativas, o lucro deve alcançar R$ 3,8 bilhões, com ROAE de 16,2%. O Santander divulgará seus resultados trimestrais no dia 29 de outubro.

O Goldman Sachs prevê lucro líquido recorrente de R$ 3,7 bilhões, o que representa um crescimento de 1% em relação ao ano anterior, refletindo menores provisões para perdas de crédito e modesta expansão da margem financeira líquida (NII).

A NII cresce apenas 2% no trimestre, já que a margem financeira de mercado permanece pressionada por altas taxas, com leve aumento na NII de clientes provavelmente devido a melhor margem de passivos e mais dias no trimestre.

Por outro lado, o Goldman Sachs projeta uma queda de 11 pontos-base no custo do risco no trimestre, levando a uma alta de 14% nas provisões totais em relação ao ano anterior.

O banco americano ainda espera uma ligeira aceleração no crescimento do crédito após um 2T25 fraco, liderada por PMEs, financiamento de veículos e cartões de crédito, mas ainda em crescimento de apenas um dígito baixo.

Segundo BBA, o Santander deve manter postura seletiva na originação de crédito, resultando em carteira praticamente estável. As margens ajustadas ao risco (NIMs) devem melhorar, sustentadas por qualidade de crédito estável. No entanto, maiores perdas em NII de mercado (trading e ALM), ligadas ao CDI, devem compensar esses ganhos, levando a lucro estável em torno de R$ 3,7 bilhões e ROE de 16%.

 

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