Redatora
Publicado em 18 de junho de 2025 às 10h01.
A Warner Bros. Discovery reduzirá a remuneração de seu CEO, David Zaslav, após a cisão da companhia, prevista para o próximo ano. Como contrapartida, ele receberá um robusto pacote de opções de ações que pode render mais de US$ 150 milhões, caso sejam cumpridas metas de valorização dos papéis, segundo o Wall Street Journal.
O novo contrato só entra em vigor se a separação for concluída até o fim de 2026. Ainda assim, na semana passada, Zaslav já recebeu quase 21 milhões de opções, avaliadas em mais de US$ 200 milhões no momento da concessão.
Segundo o conselho, o objetivo é reter o executivo e vincular sua remuneração ao desempenho da nova empresa. A companhia ressalta, porém, que as opções podem acabar valendo pouco ou até nada, dependendo da performance das ações.
Zaslav comandará a operação de streaming e os estúdios após a cisão. No ano passado, recebeu US$ 51,9 milhões, valor que gerou forte reação dos acionistas. Neste mês, investidores rejeitaram, em votação consultiva, o pacote salarial proposto para ele e sua equipe em 2024.
Pelo novo contrato, Zaslav manterá salário fixo de US$ 3 milhões, mas seu bônus-alvo cairá de US$ 22 milhões para US$ 6 milhões, com teto de US$ 12 milhões. Também receberá US$ 15,5 milhões em ações no primeiro ano e US$ 7,5 milhões anuais nos seguintes, com os valores ajustados conforme o desempenho.
O principal potencial de ganho está nas opções já concedidas e em mais 3 milhões previstas para janeiro. Zaslav terá direito imediato a 40% do total, desde que permaneça no cargo por cinco anos após a cisão. O restante será liberado em três etapas, conforme a ação valorize entre 20% e 65%. Se todas as metas forem atingidas, o pacote pode superar US$ 150 milhões em cinco anos.
Boa parte desse benefício se mantém válida mesmo que a unidade de streaming seja vendida ou que Zaslav deixe o cargo. Mas, se a cisão não ocorrer até o fim de 2026, ele perderá praticamente todas as opções. O contrato também prevê uma indenização de US$ 15 milhões caso seu vínculo não seja renovado após o vencimento, em 2030.
Até lá, Zaslav segue com o contrato atual, que inclui mais de 4 milhões de ações e opções com vencimento até meados de 2026.
A decisão de dividir a Warner ocorre pouco mais de três anos após a fusão entre a WarnerMedia, da AT&T, e a Discovery Communications, então liderada por Zaslav. Na época, em abril de 2022, o executivo descreveu o momento como um “dia brilhante e promissor” para os funcionários.
Desde então, a empresa tem enfrentado desafios significativos, como uma dívida superior a US$ 50 bilhões, que levou a sucessivos cortes de custos, incluindo milhares de demissões. O controle rigoroso dos orçamentos de desenvolvimento e produção permanece até hoje.
A estratégia é separar os negócios de canais de TV por assinatura, como CNN, TNT e Discovery Channel, das operações de streaming e estúdios. A expectativa é que, com isso, os investidores consigam perceber melhor o potencial de crescimento de plataformas como o HBO Max e dos estúdios de cinema e TV da Warner.
Os canais de TV seguem lucrativos, mas são vistos por Wall Street como um entrave, devido à perda contínua de audiência e queda de receita provocada pelo avanço do corte de assinaturas de TV paga.
O atual diretor financeiro da Warner, Gunnar Wiedenfels, ficará à frente da nova empresa formada pelos canais. Seu contrato prevê salário anual de US$ 2,5 milhões, bônus de US$ 8,75 milhões e um pacote anual de ações estimado em US$ 16 milhões. Além disso, ele receberá um bônus único de US$ 15 milhões em ações restritas e opções, com liberação ao longo de cinco anos.