Mercados

Saída de Agnelli da Vale e crise em Portugal estão no radar dos investidores

Semana será marcada por eventos que sinalizam os rumos da política monetária e de medidas macroprudenciais que podem ser tomadas pelo BC

No Japão, investidores acompanham na sexta-feira a divulgação do relatório Tankan com as perspectivas para a economia após o terremoto que devastou o país asiático (Horia Varlan/Creative Commons)

No Japão, investidores acompanham na sexta-feira a divulgação do relatório Tankan com as perspectivas para a economia após o terremoto que devastou o país asiático (Horia Varlan/Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2012 às 12h19.

São Paulo – A última semana de março, compreendida entre os dias 28 de março e 1º de abril, contará com a divulgação de importantes indicadores, tanto no Brasil como no exterior. A possibilidade de Portugal seguir os passos de Grécia e Irlanda e pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI) é cada vez mais iminente e deve impactar os mercados no decorrer dos próximos dias.

Por aqui, os investidores também lidam com a expectativa de que o presidente-executivo da Vale, Roger Agnelli, abandone o comando da mineradora diante da pressão exercida pelo governo federal.

Entre os indicadores previstos para a semana, os olhos se voltam para a divulgação dos dados de emprego nos Estados Unidos. No Brasil, o destaque fica para o relatório de inflação, documento elaborado pelo Banco Central (BC) para avaliar o desempenho do regime de metas para a inflação e projeções para o comportamento dos preços no ano.

Na última semana, o Ibovespa, principal índice de ações brasileiro, teve valorização de 1,32%, encostando nos 68 mil pontos, enquanto os principais índices acionários em Wall Street acumularam alta próxima a 3% nos últimos sete dias.

Portugal preocupa; Líbia e Japão ainda estão no radar

Fatores de instabilidade ainda estão presentes no front externo. Em Portugal, o parlamento rejeitou na última semana as medidas de austeridade do governo, o que resultou no pedido de renúncia do primeiro-ministro, José Sócrates. Espera-se agora que Portugal siga os passos de Grécia e Irlanda e peça ajuda ao FMI, uma medida até então descartada pelo ex-primeiro-ministro português.

Os mercados da Europa já reagem diante desta possibilidade que, por sua vez, ganhou fôlego após as agências de classificação de risco Fitch e Standard & Poor's terem rebaixado o rating da dívida pública de Portugal em dois níveis. O país europeu possui um elevado endividamento e há expectativa de contração econômica neste ano.

Ainda na cena externa, outros dois assuntos preponderantes são Líbia e Japão. Embora a reconstrução após o terremoto possa causar recessão no curto prazo, o que mais preocupa é o risco nuclear. No entanto, a situação parece sob controle, e não tem causado nervosismo entre os investidores.

Na Líbia e nos países do Oriente Médio a situação ainda preocupa e muitas novidades podem surgir no decorrer da semana. O ditador líbio Muammar Kadafi ainda não deu sinais de que irá retroceder em sua resistência. Por outro lado, a ação militar por parte da coalizão ocidental - para garantir a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia - foi bem sucedida e tem barrado o avanço de forças leais ao ditador em territórios dominados por manifestantes. No Oriente Médio, relatos de protestos e manifestações continuam a despontar na Síria, no Iêmen e no Bahrein.

Roger Agnelli deve sair da Vale?

O mercado tem acompanhado de perto notícias sobre o presidente da Vale, Roger Agnelli, cuja permanência no cargo é tida como improvável diante da pressão do governo federal. Em comunicado, o executivo negou na sexta-feira (25) qualquer envolvimento político relacionado à possível mudança no comando da mineradora.

A nota foi divulgada após relatos na mídia terem informado que ele teria buscado apoio com políticos da oposição contra a intenção do Planalto de mudar o comando da Vale. Funcionários da mineradora já organizaram um protesto em favor da permanência de Agnelli. Parte dos empregados compareceu ao trabalho na sexta-feira com roupas pretas.

Para o governo, a saída do executivo já está definida. O poder executivo trabalha com o nome de um dos atuais diretores da empresa para assumir o cargo. "Tudo caminha para uma solução interna. O nome não está 100% certo, mas está bem encaminhado", informou uma fonte que optou por não se identificar à Agência Estado.


No último pregão da semana, com o maior giro da sessão, as ações preferenciais da Vale (VALE4) tiveram leve queda de 0,04%, cotadas a 46,88 reais, em dia volátil. Já os papéis ordinários da companhia (VALE3) registraram alta de 0,02%, negociados a 52,86 reais.

Indicadores: relatório de inflação no Brasil e emprego nos EUA

No Brasil, dois eventos importantes devem sinalizar os rumos da política monetária e de possíveis medidas macroprudenciais que podem ser tomadas pelo Banco Central. Na terça-feira (29), a autoridade deve publicar nota referente às operações de crédito realizadas em fevereiro. A leitura desse relatório será importante para a avaliação do efeito que as medidas macroprudenciais adotadas em dezembro tiveram sobre a demanda por empréstimos.

O relatório trimestral de inflação do Banco Central, que será divulgado na quarta-feira (30), também chama a atenção. O documento poderá conter informações sobre como está o cenário da autoridade monetária para atividade e inflação. A expectativa de que o governo estenda a imposição de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre captações de empresas brasileiras no exterior pode ocupar a pauta doméstica.

A nota de política fiscal do BC (em conjunto com os dados do Tesouro sobre governo central, que sairão um dia antes) pode mostrar na quinta-feira (31) qual está sendo efetivamente o esforço fiscal do governo federal para conter as despesas e fazer um superávit maior nesse ano.

A semana no Brasil ainda conta com a divulgação na terça-feira do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), referente a março, e da produção industrial de fevereiro, que será publicada na sexta-feira (1). A expectativa do Banco Fator é de que ela tenha apresentado crescimento maior, após vários meses de estagnação ou queda, com expansão de 0,7% na comparação mensal e 5,0% em termos anuais. Já a Gradual Investimentos aposta na alta de 0,90% m/m e de 4,6% a/a.

Nos Estados Unidos, destaque para os números do mercado de trabalho norte-americano. Na quarta-feira (30), o ADP Employment Report, que mensura as contratações no setor privado, será publicado. Já na sexta-feira, as atenções estarão concentradas no relatório de emprego, que além da criação de vagas, também mede a taxa de desemprego.

“Os dados dos meses mais recentes têm mostrado uma melhora, com mais vagas de emprego sendo criadas, em especial no mercado de trabalho privado, e queda na taxa de desemprego. Essa melhora até fez o Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC, na sigla em inglês) mudar a redação do seu comunicado na reunião mais recente, retirando a parte que mencionava que os empregadores estavam relutantes em contratar e que o progresso para os seus objetivos (dentre os quais está pleno emprego) era devagar”, explica a equipe de pesquisas do Banco Fator.

Ásia: relatório Tankan do BC do Japão pode surpreender

Além dos dados de atividade (taxa de desemprego, comércio varejista, gastos da família e produção industrial) previstos para a semana, o mercado aguarda pela divulgação do relatório Tankan do Banco Central do Japão (BOJ, na sigla em inglês).

O documento pode ter um impacto sobre os mercados, uma vez que nele há pesquisas de expectativas que podem mostrar como a indústria e outros setores irão reagir ao terremoto e às crises subseqüentes na terceira maior economia do mundo.

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