A agência de classificação de risco Standard & Poor's (AFP/ Emmanuel Dunand)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2015 às 23h04.
São Paulo - A agência de classificação de risco Standard & Poor's afirmou o rating de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em "BBB-", apesar do cenário desafiador para o país, e manteve a perspectiva estável, por conta da mudança de rumo na condução da política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
A perspectiva estável afasta o risco imediato de perda do grau de investimento pelo Brasil, um dos principais objetivos por trás do forte ajuste nas contas públicas que está sendo promovido pela nova equipe econômica.
A S&P disse que a perspectiva reflete a expectativa de que a mudança de rumo em curso, mesmo sendo politicamente difícil, continuará tendo o apoio da presidente Dilma, e, finalmente, do Congresso, e gradualmente irá restaurar a credibilidade política e abrir caminho para perspectivas de um crescimento mais forte nos próximos anos.
"Em uma reversão da política de seu primeiro mandato, a presidente encarregou sua equipe econômica de desenvolver um ajuste acentuado nas diferentes políticas - não só fiscal - para restaurar a credibilidade perdida e fortalecer os perfis fiscal e econômico do Brasil que agora estão mais fracos", disse a agência, acrescentando que o rebaixamento da nota brasileira no ano passado já incorporava um cenário mais difícil neste ano.
A decisão da S&P de manter o grau de investimento do país com perspectiva estável foi vista como uma vitória para a presidente Dilma Rousseff, que enfrenta dificuldades no Congresso e forte perda de popularidade, em meio ao corte de gastos e aumento dos impostos e do escândalo de corrupção da Petrobras.
"É uma vitória para Dilma e sua nova equipe econômica", disse o economista-chefe da Tendências Consultorias Econômicas em São Paulo, Juan Jensen.
"Nós não acreditamos que o Brasil vai perder seu grau de investimento, mas a equipe econômica está sob pressão para entregar resultados fiscais sólidos", acrescentou o economista.
A S&P avalia que levará algum tempo para que sejam corrigidos os efeitos das manobras fiscais "maiores que o esperado" feitas em 2014, em meio a um cenário de contração econômica que é agravado pelos efeitos da investigação do escândalo de corrupção na Petrobras.
No entanto, a S&P cita a mudança na condução da política econômica para fortalecer o compromisso com a política fiscal e remover diversas distorções econômicas, incluindo a repressão de preços administrados.
A S&P espera que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caia 1 por cento neste ano, passando para crescimento de 2 por cento em 2016 e de 2,3 por cento em 2017.
A retração prevista para este ano reflete o impacto dos apertos fiscal e monetário, uma queda no investimento da Petrobras e sua cadeia de fornecimento no setor de construção, e apoio limitado das exportações no curto prazo.
*Texto atualizado às 23h04