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Russos, sauditas e Trump conseguirão chegar a um acordo no petróleo?

Presidente americano se tornou um improvável salvador da pátria na quinta-feira ao anunciar que tentaria acordo com a Opep. Mas realidade pode bater à porta

Donald Trump: EUA não fazem parte da Opep, mas são o maior produtor de petróleo do mundo (Tom Brenner/Reuters)

Donald Trump: EUA não fazem parte da Opep, mas são o maior produtor de petróleo do mundo (Tom Brenner/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2020 às 06h28.

Última atualização em 3 de abril de 2020 às 06h58.

O petróleo será novamente o protagonista dos mercados. A Opep, organização dos países produtores de petróleo, está debatendo ao longo desta sexta-feira, 3, um corte de 10 milhões de barris de petróleo por dia, segundo fontes informaram à agência Reuters. O preço do barril Brent começou o pregão da sexta-feira em alta.

Após ter iniciado a semana na casa dos 20 dólares, o barril era negociado a mais de 25 dólares às 6 horas do pregão de hoje, em alta de 0,39%. O preço já havia tido altas na quinta-feira, 1.

A notícia da negociação da Opep vem depois de o presidente americano, Donald Trump, afirmar na quinta-feira que havia chegado a um acordo com produtores da commodity na Rússia e na Arábia Saudita.

Russos e saudis começaram há um mês uma verdadeira guerra comercial pelo preço do petróleo. A Arábia Saudita queria que os membros da Opep topassem um acordo para reduzir a produção. Os russos, que têm produção barata, não aceitaram. Em contrapartida, a estatal Saudi Aramco, maior petroleira do mundo, anunciou que ampliaria sua produção, o que reduziria o preço e a faria entrar em uma guerra de valores com a concorrência.

Os Estados Unidos não fazem parte da Opep, mas se tornaram em 2018 o país que mais produz petróleo no mundo. A alta é graças ao chamado shale gas de estados como Texas e Dakota do Norte. Por isso, a participação de Trump nas negociações foi vista com bons olhos para cortar a produção e elevar o preço do barril.

A pouca alta no preço do barril nesta sexta-feira, contudo, reflete o temor dos mercados de que a negociação não avance. “Como podem Riad e Moscou concordarem com um grande corte menos de um mês depois de brigarem por um corte de 1,5 milhão?”, disse à Reuters Norihiro Fujito, estrategista-chefe do banco Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities.

Após a expectativa de negociação levar a alta nos mercados do Ocidente no pregão de quinta-feira, a tensão faz as bolsas da Ásia tenderem à baixa nesta sexta-feira. Os índices chineses de Xangai e Shenzhen caíram 0,60% e 0,68%. O japonês Nikkei subiu menos de 0,01%. O índice de Hong Kong caiu 0,19%. O índice europeu Stoxx 600 operava em baixa de 0,7% às 6h30, nas primeiras horas do pregão.

Enquanto isso, o brasileiro Ibovespa subiu 1,81% ontem, também diante da expectativa de que a Petrobras pudesse se beneficiar do acordo. Enquanto isso, os mercados também se atentarão às medidas do governo federal para repor renda de trabalhadores e salvar empregos.

Outro evento que deve movimentar as bolsas ocidentais ao longo do dia são os números oficiais de desemprego do mês de março nos Estados Unidos. Uma prévia veio na quinta-feira, com 6,6 milhões de pedidos de auxílio desemprego na semana anterior (um recorde absoluto). Março não deve mostrar uma queda tão acentuada porque os números foram coletados no meio do mês. Mas a taxa de desemprego americana deve passar de 3,6% para 10% já no mês de maio.

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