A Alemanha estaria disposta a dar apoio para a emissão dos "Euro Bonds", que poderiam ajudar os países em situação fiscal problemática (Pius Utomi Ekpei/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2011 às 21h36.
São Paulo – A relativa melhora nos mercados financeiros internacionais nos últimos dias não deve ser encarada como uma certeza de tranqüilidade para a próxima semana. Os investidores ainda estão de olho nos indicadores de atividade econômica em todo o mundo, além do monitoramento da situação fiscal dos países na Europa, principalmente na França, Itália e Espanha, que agora estão no centro das preocupações. A segunda-feira já começa com a publicação do PIB (Produto Interno Bruto) japonês. Na terça-feira, é a vez do PIB da Zona do Euro.
Nos EUA, a agenda econômica traz números do setor imobiliário, de atividade industrial e também de inflação. Na terça-feira, os destaques são o Housing Starts (Casas em início de construção) e o Building Permits (Permissões para novas construções). Os números da produção industrial e da capacidade utilizada referentes ao mês de julho também devem movimentar o dia. A quinta-feira traz dados do número de pedidos de auxílio-desemprego e dos preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês). Na sexta-feira, as atenções estarão voltadas para o Leading Indicators, relatório que compreende vários números já publicados da economia americana.
No Brasil, o mercado irá conhecer o IBC-Br do Banco Central, que traz a estimativa do PIB mensal, dados de emprego do mês de julho e de inflação (IGP-10 e IPCA-15 de agosto). “Todos os dados são relevantes, mas parece provável que os mercados locais continuem a se movimentar basicamente em linha com os internacionais, dado que o cenário externo permanece muito incerto, em relação a EUA e Europa”, destaca o economista-chefe do banco Banif, Mauro Schneider, em relatório.
Política
As preocupações com a próxima semana vão além da agenda econômica. Os investidores estão de olho na movimentação política dos principais governos da União Europeia e dos Estados Unidos. É o que alerta Mohamed El-Erian, CEO da Pimco, a maior gestora de títulos do mundo, em recente coluna publicada no jornal Financial Times. Segundo ele, a crise só se espalhou da periferia europeia para o núcleo por conta de decisões “complexas e más geridas sobre a distribuição da responsabilidade para a zona do euro”.
Para ele, a contaminação do núcleo, agora, “coloca em risco a integridade da moeda única. No processo, as potenciais implicações adversas para outras regiões do mundo se multiplicam de uma maneira alarmante”, diz. Na Europa, a Itália trouxe na sexta-feira (12) uma notícia que aliviou a preocupação com a situação fiscal do país. O primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, aprovou um corte de 45,5 bilhões de euros no déficit do país, sendo 20 bilhões em 2012 e o restante em 2013. O plano ainda precisa da aprovação do Parlamento.
Neste domingo, o jornal alemão Welt am Sonntag revelou que a Alemanha não estaria mais descartando o apoio para a emissão dos “Euro Bonds”. Os títulos seriam uma alternativa que poderia ajudar a salvar o euro, pois teria lastro em todos os países da zona, e não apenas em um. Hoje, quando a Itália vai ao mercado, o juro é calculado com base na capacidade de pagamento do país e não de uma maneira coletiva. Uma das exigências do governo alemão para aceitar a emissão seria a adoção de controles fiscais específicos para cada país. A Grécia, França e Espanha irão leiloar novos títulos nesta terça-feira.