Mercados

Roubini ainda vê 4 riscos para os mercados

Economista que ficou famoso por prever a crise de 2008 não está convencido de que o resgate da Grécia será suficiente para trazer euforia às bolsas

Roubini: a economia mundial está longe de uma recuperação sustentável (Evan Kafka/EXAME.com)

Roubini: a economia mundial está longe de uma recuperação sustentável (Evan Kafka/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 18h48.

São Paulo – A situação econômica global melhorou muito nos últimos dois meses, com dados positivos nos Estados Unidos, pouso suave dos emergentes e redução do risco de calote desordenado na zona do euro. Mas para Nouriel Roubini, o economista que ficou famoso por ter previsto com exatidão a crise de 2008, ainda há ao menos quatro riscos que devem ser monitorados de perto pelos investidores. Em artigo distribuído pela Project Syndicate, ele explicou por que a economia mundial parece longe de alcançar uma recuperação sustentável:

1 – A Europa está em recessão profunda

Os países da periferia europeia já se encontram há muito tempo em uma situação econômica ruim, mas, no quarto trimestre, mesmo a Alemanha e a França apresentaram contração na produção. A necessidade dos bancos de levantar capital tem obrigado as instituições a limitar o crédito ao mesmo tempo em que as medidas de austeridade tomadas pelos governos não favorecem o desempenho econômico. Para que o problema da falta de competitividade fosse resolvido, o euro teria que alcançar a paridade em relação ao dólar. Com o resgate da Grécia, no entanto, o câmbio deve se mover na direção inversa.

2 – A Ásia está desacelerando

Já há evidências de que a economia da China e do resto da Ásia está enfraquecendo. Na China, não há como não notar a freada econômica, com queda nas exportações e importações. Ao mesmo tempo, os preços dos imóveis começaram a cair. Ainda há evidências de desaceleração em Singapura, Índia, Taiwan, Coreia do Sul e Japão.

3 – O crescimento nos EUA atingiu o pico

Os dados econômicos americanos trouxeram alívio para os mercados nas últimas semanas, mas o ajuste das contas públicas vai ganhar força em 2012 e 2013, contribuindo para uma desaceleração. Os cortes de impostos promovidos em 2011 estão prestes a expirar. O crédito e o mercado imobiliário permanecem fracos. Os altos preços do petróleo não favorecem o consumo. E a maior parte do crescimento do PIB do quarto trimestre foi gerada pelo aumento dos estoques, e não da demanda final.

4 – Cresceu a tensão no Oriente Médio

Israel pode responder de alguma maneira às ambições nucleares no Irã. Ainda que a possibilidade de um conflito armado pareça baixa neste momento, as trocas de acusações entre os dois países cresceram. As tensões no Oriente Médio não devem diminuir – pelo contrário, podem até se intensificar. A Primavera Árabe teve desdobramentos preocupantes no Egito, Líbia e Iêmen. A Síria está próxima de uma guerra civil. É isso que mantém o barril de petróleo ao redor de 100 dólares mesmo com o enfraquecimento da economia mundial.

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresCrise econômica

Mais de Mercados

CVC sobe 7% na bolsa com poison pill e alta das ações domésticas

Em meio a pressão por boicotes, ação do Carrefour sobe 3,31%

O saldo final – e os vencedores – da temporada de balanços do 3º tri, segundo três análises

Warren Buffett doa US$ 1,1 bilhão em ações da Berkshire Hathaway: "Nunca quis criar uma dinastia"