Rodovias do Tietê administra 415 km de estradas no interior paulista (Rodovias Tietê/Divulgação)
Editora de Finanças
Publicado em 27 de março de 2025 às 08h47.
Após cinco anos de trâmites e negociações, a Rodovias do Tietê concluiu seu plano de recuperação judicial na última terça-feira, 25. Dessa maneira, os debenturistas que optaram por converter seus créditos em participação acionária passaram a receber cotas do FIP-IE Tietê, fundo que agora controla integralmente a concessionária.
A Rodovias do Tietê administra 415 km de estradas no interior paulista e foi a primeira empresa com debêntures de infraestrutura a entrar em default no Brasil. A solução envolveu a constituição de um fundo para reunir os credores, o Journey Capital Vitreo RDVT11, e a posterior estruturação do FIP-IE, aprovado após tratativas com a agência reguladora do estado, a Artesp.
A conclusão do processo marca o fim de um dos mais emblemáticos casos de reestruturação de dívida do setor de infraestrutura. O plano havia sido aprovado em 2021, mas só avançou após a Agência de Transporte do Estado de São Paulo autorizar a troca de controle da concessionária, que agora pertence aos credores.
Os fundos Journey Capital Vitreo RDVT11 e Journey Capital Nammos FIM, ambos geridos pela Journey Capital, estão entre os maiores cotistas do novo fundo. A gestora atua em situações de estresse financeiro, crédito privado e gestão patrimonial.
Com a empresa sem dívidas financeiras e um novo plano de investimentos aprovado, a estratégia da Journey é buscar um sócio do setor rodoviário.
“A concessão vence em 2039 e nossa intenção, agora com a empresa saneada, sem
endividamento financeiro e com um plano de investimentos aprovado pela Artesp, é
buscar um parceiro estratégico do setor para explorar alternativas de sinergia e ganhos
de escala que possa evoluir para um evento de liquidez para nossos investidores”, afirma
Rogê Rosolini, sócio fundador da Journey Capital.
O caso mobilizou órgãos como a CVM, que autorizou a constituição dos fundos, e o mercado financeiro, ao permitir que debêntures em default voltassem a ser negociadas na B3. Também evitou uma tentativa de aquisição hostil por um fundo vulture e passou por diversas tentativas de venda antes da solução atual. A concessão da Rodovias do Tietê expira em 2039.