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Risco de crédito da Petrobras piora com negociações da Galp

Receios estão ligados ao fato de que a possível a compra por parte da estatal brasileira de uma participação na Galp Energia eleve o endividamento da Petrobras

Mercado desconfia que compra de parcela na Galp pode endividar ainda mais a Petrobras (DIVULGAÇÃO)

Mercado desconfia que compra de parcela na Galp pode endividar ainda mais a Petrobras (DIVULGAÇÃO)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 05h32.

Rio de Janeiro e Cidade do México - A percepção dos investidores sobre o risco de crédito da Petróleo Brasileiro SA vem piorando em relação à Petroleos Mexicanos. Há receio de que a possível a compra por parte da estatal brasileira de uma participação na Galp Energia SGPS SA vai elevar o endividamento.

O custo para proteger a dívida da Petrobras por cinco anos contra um calote por meio dos contratos de derivativos credit default swaps, ou CDS, subiu 24 pontos-base para a máxima em quatro semanas na semana passada, quando a empresa confirmou que está negociando a aquisição.

A dívida líquida de US$ 40 bilhões da Petrobras é 17 por cento maior do que a da italiana Eni SpA, a segunda petrolífera mais endividada do mundo, de acordo com dados do terceiro trimestre compilados pela Bloomberg. A empresa brasileira quer adquirir 33 por cento da Galp ao mesmo tempo em que executa investimentos de US$ 224 bilhões para a exploração do pré-sal. As despesas da Petrobras subiram 11 por cento nos primeiros nove meses do ano passado para R$ 56,5 bilhões.

“Eles estão se precipitando”, disse Jack Deino, que administra cerca de US$ 1,6 bilhões em dívida de mercados emergentes na Invesco Inc. em Nova York, em uma entrevista por telefone. “O mercado ficaria desconfortável se eles se endividassem mais com o negócio.” A Invesco não tem títulos da Petrobras.

A dívida da Petrobras equivalia a 23 por cento de seus ativos no final do terceiro trimestre, o maior nível entre as dez maiores empresas mundiais do setor faturamento, segundo dados da Bloomberg.

Os CDS que protegem a dívida da Petrobrás custavam 10 pontos-base, ou 0,09 ponto percentual, mais do que os contratos para a dívida da Pemex em 7 de janeiro. A diferença de preço era de 2 pontos base em 9 de novembro.

Rendimento de títulos sobe

A especulação por parte de investidores de que a Petrobras irá gastar demais em exploração está elevando o rendimento de seus títulos em relação à Pemex, a maior produtora de petróleo da América Latina.

A taxa de 5,15 por cento dos bônus da Petrobras de cupom de 7,875 por cento e vencimento em março de 2019 está 13 pontos- base acima de títulos da Pemex com prazo similar. No dia 6 de dezembro, os bônus da Petrobras rendiam 5 pontos-base menos que os títulos da empresa mexicana.

As taxas dos papéis da Petrobras também aumentaram em relação à colombiana Ecopetrol SA, a empresa estatal de exploração de petróleo que mais cresce na região. A taxa do bônus em dólares da Ecopetrol com cupom de 7,625 e vencimento em julho de 2019 caiu 34 pontos-base desde 17 de dezembro para 5,193 na semana passada.

Oferta pela Galp

A Petrobras disse em 4 de janeiro que está em negociações para uma possível transação envolvendo a fatia da Eni SpA na Galp. A empresa não revelou quanto poderia pagar. O Diário Econômico de Lisboa disse em 5 de janeiro que a Petrobras está oferecendo por volta de 3,5 bilhões de euros, sem revelar a fonte da informação. A quantia é menor que os 4,7 bilhões de euros que a Eni está buscando, disse o jornal. O valor de mercado da Galp era de 11,8 bilhões de euros em 7 de janeiro.

O presidente do conselho da Galp, Francisco Murteira Nabo, disse em 3 de janeiro que acionistas estão negociando a transação e que ele não está mediando as conversas. No dia seguinte, Eni declarou que está considerando opções para Galp, incluindo “oportunidades” com a Petrobras. Na semana passada, a assessoria de imprensa da Petrobras não quis comentar sobre o status das negociações, quanto custaria a participação ou como poderia afetar a dívida.

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse no mês passado que a empresa pretende ampliar sua dívida em cerca de 60 por cento para US$ 107 bilhões até 2014. O endividamento quase triplicou em dois anos para US$ 67,7 bilhões com a compra de plataformas de perfuração, navios petroleiros e helicópteros para a expansão da produção e a exploração em águas profundas.

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