Mercados

Risco de calote do País já é menor que de estados ricos nos EUA

A nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor’s está sete níveis abaixo dos estados norte-americanos de Connecticut e Nova Jersey

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, aumentou o IOF nos investimentos estrangeiros em renda fixa para conter o avanço do real (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, aumentou o IOF nos investimentos estrangeiros em renda fixa para conter o avanço do real (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2011 às 06h35.

Nova York - O risco de calote do Brasil já está menor que dos estados mais ricos dos Estados Unidos, como Connecticut e Nova Jersey, de acordo com o mercado de credit default swap. Para o Citigroup Inc. e a Doubleline Capital LP, esse é um sinal de que os títulos da dívida brasileira estão ficando caros.

O custo para se proteger contra um calote em títulos brasileiros por cinco anos caiu 12 pontos-base, ou 0,12 porcento, no ano passado para 111, de acordo com a CMA. O swap está 54 pontos-base mais baixo que um seguro contra falta de pagamento de Connecticut, a maior diferença entre os dois contratos de credit default swap, ou CDS, desde pelo menos maio de 2009. O contrato está sendo negociado a 51 pontos-base a menos que o CDS de Nova Jersey. A nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor’s, em BBB-, está sete níveis abaixo dos dois estados americanos.

As aplicações de estrangeiros em títulos de mercados emergentes chegou a um recorde de US$ 53,1 bilhões em 2010, segundo o EPFR Global, o que levou a uma queda no custo dos CDS desses países para a mínima em dois anos.

Para a Doubleline, o CDS e os títulos da dívida externa do País já absorveram quase todas as notícias positivas, deixando- os vulneráveis a uma alta das taxas do tesouro americano e contágio da crise de crédito da Europa.

“O Brasil tem fundamentos muito bons, mas para nós os preços estão longe do desejado”, Luz Padilla, que ajuda a administrar US$ 6 bilhões em ativos na DoubleLine em Los Angeles, disse numa entrevista por telefone. “Podemos olhar para outros lugares para ganhar dinheiro.”

Padilla diz que está evitando os títulos do governo brasileiro. Ao mesmo tempo, a investidora colocou 13 por cento do dinheiro que administra em papeis de empresas do País.

Valorização do real

Os títulos em dólar do Brasil tiveram rentabilidade de 9,7 por cento em 2010, enquanto a taxa média dos papéis caiu para uma mínima histórica de 4,72 por cento em outubro, de acordo com o índice EMBI+ do JPMorgan Chase & Co. Títulos também em dólar de governos de mercados emergentes acumularam rentabilidade média de 11,8 por cento no ano passado.

O governo triplicou o Imposto sobre Operações Financeiras nos investimentos estrangeiros em renda fixa para conter o avanço do real, que se valorizou 5 por cento no ano passado, após um salto de 33 por cento em 2009. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2012 subiu 18 pontos-base no ano passado para 12,04 por cento, sugerindo que os operadores apostam que o Banco Central vai elevar a taxa básica de juros em 200 pontos-base para 12,75 por cento até o fim do ano.

Arrecadação em queda

Os CDS do Brasil estavam 108 pontos-base abaixo da média de 50 governos municipais dos Estados Unidos acompanhados pelo índice Markit MCDX em 31 de dezembro, comparado a uma diferença de 12 pontos-base ao final de 2009. Em fevereiro de 2009, os CDS brasileiros estavam 179 pontos-base mais caros.

Os CDS do Brasil caíram no ano passado com a maior expansão econômica do País em duas décadas, após terem se retraído 176 pontos-base em 2009. Os CDS brasileiros estão agora a 4 pontos- base dos contratos que protegem a dívida da França, que tem classificação de risco AAA, ou nove graus acima do Brasil, pela S&P. A diferença estava em 340 pontos-base em março de 2009.

Nos Estados Unidos, o custo do CDS de estados como Califórnia e Nova Jersey está subindo após a pior recessão desde a década de 1930 causar queda recorde na arrecadação de impostos estaduais. Os CDS de cinco anos para Connecticut, o segundo estado americano mais rico, dobraram para 165 pontos-base desde abril, enquanto os de Nova Jersey, o quarto mais rico do país, aumentaram de 155 ao fim de 2009 para 219.

A renda média de domicílios em Connecticut ficou em US$ 65.213 nos últimos três anos, a segunda mais alta após New Hampshire, de acordo com o Censo dos Estados Unidos. A CMA não acompanha os contratos de CDS para New Hampshire, que tem renda média de US$ 66.654 por domicílio.

O desempenho superior dos mercados emergentes em relação aos estados americanos tornou os CDS de nações emergentes incluindo o Brasil, tão caros que as classificações de risco parecem “não ter significado algum”, disse Mikhail Foux, estrategista de crédito do Citigroup em Nova York.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilMercado financeiroTítulos públicos

Mais de Mercados

Trump não deverá frear o crescimento da China, diz economista-chefe do Santander

Vendas do Wegovy, da Novo Nordisk, disparam 79% no 3º trimestre

Ibovespa fecha em forte queda com IPCA acima do esperado e frustração com a China; dólar sobe 1%

Cogna reduz em 72% prejuízo no 3º tri com crescimento de Kroton e já mira dividendos em 2025