Riqueza global está em trajetória de queda com ponto de inflexão em 2022 (Getty Images/Getty Images)
Beatriz Quesada
Publicado em 31 de dezembro de 2022 às 08h46.
Última atualização em 2 de janeiro de 2023 às 15h08.
O ano de 2022 marca um momento de virada para a riqueza global, alerta a Allianz, uma das principais seguradoras e gestora de ativos do mundo.
“A guerra na Ucrânia sufocou a recuperação pós-covid-19 e virou o mundo de cabeça para baixo: inflação galopante, escassez de energia e alimentos, e o aperto monetário pressionando economias e mercados. A riqueza das famílias sentirá essa retração”, informa o Relatório de Riqueza Global 2022 da Allianz.
A estimativa é que, em termos reais, as famílias perderam, globalmente, um décimo de sua riqueza ao longo de 2022. O Brasil não escapa da tendência, e já vem de um passado turbulento.
De acordo com o documento, os ativos financeiros brutos das famílias brasileiras aumentaram 9,4% em 2021, atingindo 2,6 trilhões de euros – o aumento mais modesto desde a crise financeira, e bem abaixo da média de 15,6% dos últimos dez anos.
O motivo foi a inflação, que começou a pesar no bolso dos brasileiros antes de entrar no radar do resto do mundo. Por aqui a elevação dos juros também começou antes, com o Banco Central subindo a taxa Selic de 2% para 9,25% no ano passado e chegando ao patamar atual dos 13,75% ao ano em 2022.
O “adiantamento” brasileiro, no entanto, contribuiu para que, este ano, o mercado de ações brasileiro tivesse um desempenho positivo, enquanto as bolsas americanas caíram até 33%.
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Daqui para frente, no entanto, o caminho pode ser mais desafiador. “Após anos de crescimento de dois dígitos em ativos financeiros, tempos mais difíceis se aproximam para a família média brasileira em um cenário de recessão global e políticas monetárias restritivas”, afirmou Arne Holzhausen, chefe de global de seguros, riqueza e pesquisa de tendências da Allianz SE.
Porém, Holzhausen vê um potencial de crescimento ainda não destravado no Brasil caso o País comece a olhar para a distribuição de renda.
“Como um país ainda relativamente pobre e com enorme potencial, o Brasil tem boas chances de crescer acima da média global. Mas ainda mais importante do que a acumulação de riqueza é a questão da distribuição da riqueza: o Brasil deve redobrar seus esforços para alcançar uma distribuição mais equitativa”, afirma.