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Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2010 às 19h57.
Sydney - A Rio Tinto informou nesta sexta-feira que optou pela precificação trimestral dos contratos de minério de ferro, enterrando efetivamente o antigo sistema de precificação anual, apesar da oposição de compradores de todo o mundo.
A mineradora é a terceira maior produtora de minério de ferro do mundo. Junto com Vale, a primeira, seguida da BHP, as três companhias controlam dois terços do comércio internacional de minério de ferro e descartaram o preço referencial. A medida deixa poucas opções para as siderúrgicas, os maiores consumidores do metal, mitigarem o impacto.
"A posição da Rio Tinto reflete a recente mudança estrutural no mercado de minério de ferro em relação ao preço referencial", afirmou o chefe de minério de ferro da Rio Tinto, Sam Walsh, em comunicado.
O novo regime de preços começou em 1o de abril, com notícias de que a BHP Billiton já estava conseguindo mais de 130 dólares a tonelada por seu minério de ferro em contratos para abril a junho, com base na média do preço à vista entre janeiro e março --mais de duas vezes o valor do preço fixado no ano passado.
A ameaça de uma mudança havia colocado frente a frente as mineradoras, buscando aproveitar os preços mais altos no mercado à vista, e siderúrgicas de Pequim a Bruxelas, que exigiam preços garantidos por 12 meses.
"Nós vemos com preocupação o afastamento do sistema referencial", disse Nicholas Walters, porta-voz da Associação Mundial de Aço, cujos membros respondem por 85 por cento da produção global de aço.
As siderúrgicas devem tentar repassar parte do aumento para consumidores, e podem até mesmo avaliar aquisição de produtores menores de minério de ferro, disse ele.
No mês passado, as mineradoras Vale e BHP Billiton deixaram claro que estavam abandonando o sistema anual de precificação referencial, já que os preços subiram acima do valor anual fixado no ano passado.
"O que a Rio simplesmente fez foi assinar a ordem de morte para benchmark anual", disse James Wilson, analista da DJ Carmichael & Co.
A China, maior comprador mundial de minério de ferro do Brasil e da Austrália, defendia o antigo sistema benchmark até recentemente.
Xu Xu, presidente da Câmara Chinesa de Comércio de Metais, Minerais e Importadores e Exportadores de Químicos (CCCMC), afirmou que apenas o benchmark pode garantir estabilidade e segurança tanto para compradores quanto para vendedores.
Fontes familiares com as negociações de preço até agora duvidam que os acordos trimestrais fechados pela Rio e as outras mineradoras incluam as siderúrgicas chinesas.
As siderúrgicas chinesas ligadas a entidades de negociação permanecem contra essa mudança, disse uma fonte. A CCCMC participa das negociações de preços com mineradoras estrangeiras junto com a Associação Chinesa de Ferro e Aço.