Invest

Resultados do varejo mostram economia dos EUA dividida entre classes

Resultados de empresas como McDonald’s, Coca-Cola e Chipotle refletem economia americana em duas velocidades

Publicado em 4 de novembro de 2025 às 05h44.

Os resultados das grandes empresas de bens de consumo divulgados neste terceiro trimestre reforçam um retrato de uma economia dividida nos Estados Unidos. Enquanto consumidores com renda mais alta continuam gastando em produtos premium e serviços de luxo, as famílias de baixa renda têm reduzido suas compras por causa da inflação e do custo de vida elevado, segundo a CNBC.

Economistas têm chamado esse cenário de “economia em formato de K” — quando parte da população prospera, enquanto outra enfrenta dificuldades financeiras crescentes. Segundo os relatórios divulgados, marcas como Coca-Cola, Procter & Gamble, McDonald’s e Chipotle registraram desempenho desigual entre seus públicos.

Pressão sobre famílias de baixa renda

Os consumidores com menor poder aquisitivo foram os mais afetados pela inflação, que subiu 0,3% em setembro, levando a taxa anual para 3%, segundo o índice de preços ao consumidor. A alta dos custos de moradia, alimentação e transporte tem pressionado orçamentos familiares e reduzido o consumo em diversos segmentos.

Após o relatório de inflação, o Federal Reserve anunciou o segundo corte consecutivo de juros, reduzindo a taxa básica para a faixa entre 3,75% e 4%, em uma tentativa de aliviar parte dessa pressão. Mesmo assim, o país enfrenta a quinta semana de paralisação do governo, o que afeta o rendimento de milhares de funcionários públicos.

De acordo com o Departamento do Censo, 35,9 milhões de americanos viviam em situação de pobreza em 2024. O rendimento familiar médio foi de US$ 83.730 no ano passado, mas a renda dos 10% mais ricos cresceu 4,2%, enquanto a dos 10% mais pobres ficou praticamente estagnada.

Empresas confirmam desaceleração

O McDonald’s afirmou que o fluxo de clientes de renda média e baixa caiu dois dígitos, o que levou a rede a ampliar seu cardápio econômico. “As pessoas estão optando por pular uma refeição ou comer em casa”, disse o CEO Chris Kempczinski à CNBC.

A Chipotle relatou queda no consumo entre clientes com renda anual inferior a US$ 100 mil, que representam cerca de 40% de sua base. Já Coca-Cola e Procter & Gamble registraram crescimento puxado por produtos mais caros, como a água com gás Topo Chico e os shakes Fairlife, além do aumento nas compras em atacado, mais comuns entre consumidores de maior renda.

Empresas como Yum! Brands, Elf Beauty, Tapestry e Under Armour devem divulgar seus balanços nos próximos dias, e analistas esperam resultados semelhantes — com melhora no segmento de luxo e retração no consumo popular.

Desempenho desigual chega a outros setores

O contraste também é visível fora do varejo. No setor automotivo, consumidores de alta renda seguem comprando veículos novos em ritmo recorde, enquanto os de baixa renda enfrentam alta inadimplência e retomada de carros.

No setor hoteleiro, a Hilton relatou queda nas marcas acessíveis, mas forte desempenho nas de luxo. Apesar da diferença entre os grupos de renda, o CEO da Hilton, Christopher Nassetta, acredita que a tendência pode começar a se equilibrar em 2026.

“Não acho que essa divisão vá durar muito tempo. O segmento de luxo deve se manter estável, enquanto os de preço intermediário e acessível devem melhorar”, afirmou.

Acompanhe tudo sobre:EconomiaEstados Unidos (EUA)Varejo

Mais de Invest

Ibovespa nos 150 mil pontos: a bolsa brasileira ficou cara?

Investidor que previu crise de 2008 aposta contra Nvidia e Palantir

Investimentos em IA fortalecem projeções de Nvidia, AMD e Broadcom

Tesla enfrenta nova queda nas vendas e perde força na Europa