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Restoque, da Le Lis e Dudalina, vira Veste e faz aumento de capital para voltar ao lucro

Companhia também vai mudar de CEO, enquanto reforma lojas e lança aplicativos das marcas para dobrar geração de caixa até 2025

Veste: novo nome da Restoque marca momento de mudança da empresa, diz presidente do conselho (Le Lis/Divulgação)

Veste: novo nome da Restoque marca momento de mudança da empresa, diz presidente do conselho (Le Lis/Divulgação)

Dona das marcas de moda Le Lis, Dudalina, Bo.bô, Rosa Chá e John John, a Restoque mudou de look. Agora, não vai mais se chamar Restoque (LLIS3) e, sim, Veste — sob o ticker VEST3. Também vai fazer um aumento de capital de R$ 100 milhões, para acelerar reformas de lojas e os projetos digitais. No fim das contas, quer chegar a 2025 faturando 50% mais e dobrar o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, imposto, depreciação e amortização). Tudo isso depois da dívida bilionária ser convertida em ações e reduzir a alavancagem de 7,5 vezes para 0,5 ou 0,6 vez.

Em 2020, com dívida em torno de R$ 1,8 bilhão, a varejista apresentou um plano de recuperação extrajudicial. A saída do atoleiro veio em 2022. No fim de outubro, conseguiu fazer umas das maiores (se não for a maior) conversão de dívida em ações da história da bolsa brasileira. Converteu R$ 1,64 bilhão de dívidas em ações, o que mudou o controle da empresa e os planos para o futuro.

A proposta de conversão partiu de sua maior credora, a gestora WNT, que hoje detém 56% do capital social da atual Veste. Essa participação pode crescer, caso haja sobras do aumento de capital de R$ 100 milhões agora proposto aos acionistas, explica Marcelo Lima, presidente do conselho de administração da empresa. Lima detém 4% do capital social da dona da Le Lis. "A ideia inicial é subscrever proporcional, mas pode subscrever as sobras, que dariam menos de 2%  a mais de capital."

O novo nome é para marcar o novo ciclo, conta Lima. "Desde 2019 começamos a corrigir alguns problemas que a marca teve no passado e a empresa passa por um momento extraordinário agora. É momento de olhar para a frente. Temos um plano de crescimento, que é ambicioso". Atual CEO, Livinston Bauermeister vai para o conselho enquanto Alexandre Afrange, que atuava como diretor de operações, assume o comando da empresa.

No plano, os dois principais focos são renovar as lojas e impulsionar as vendas digitais, que hoje já respondem por 20% — um índice alto para o segmento de moda — das vendas. Para as lojas, hoje 185 unidades, o objetivo é reformar 50 delas, enquanto aberturas podem acontecer, mas apenas "pontualmente". "O retorno da reforma de lojas foi muito acima do que a gente imaginava. Reformamos nove lojas e em todas elas ganhamos 20% [de crescimento] de venda", explica Lima. A divisão de investimento vai ser proporcional ao faturamento de cada marca, segundo ele.

Já nas frentes digitais, o objetivo é intensificar o canal que tem dado certo. Até 2019, 4% das vendas eram online. Atualmente, são 20%. Por isso, a empresa quer lançar aplicativos para cada uma de suas marcas, começando pela Le Lis, que tirou o Blanc do nome e é a joia da coroa em termos de receita.

No acumulado de nove meses até o fim do terceiro trimestre de 2022, a receita líquida da Veste cresceu 34% ante o ano anterior, para R$ 788 milhões, valor que supera até mesmo os nove meses de 2019, ano anterior à pandemia. O prejuízo líquido ainda cresceu, chegando a R$ 169,5 milhões, mas justamente pressionado pelo resultado financeiro, que até setembro ainda sentia o efeito da dívida de quase R$ 2 bilhões.

Com crescimento de venda em todas as marcas, Lima diz que a Veste deve focar no crescimento orgânico, embora não descarte aquisições. "Vemos potencial para todas as nossas marcas e estamos 100% comprometido no desenvolvimento delas. Aquisições não estavam dentro do escopo até outubro. Dada a mudança da estrutura de capital, posso dizer que nosso foco é crescimento orgânico, mas que não vamos descartar ativos para análise. Mas entendo que temos tantas oportunidades internas nesse momento", reflete.

Ações em alta

A notícia das mudanças e do aumento de capital jogaram o papel para cima, valorizando 10,9% nesta quinta-feira, 15, para R$ 1,62. O valor, no entanto, ainda está bem abaixo — 87% abaixo para mais precisa — da estreia da ação na bolsa. Reflete, inclusive o desinteresse que o mercado tinha para o ativo. Na cobertura, apenas os bancos BTG Pactual (do mesmo grupo da EXAME) e o Santander aparecem no site de relações com investidores da varejista.

E se comparado com outros grupos de moda, o desempenho também é bem distinto. A ação da Arezzo &Co (ARZZ3) por exemplo, foi negociada a R$ 74,83 hoje, 254% mais do que em 2011, quando chegou na bolsa. Já o Grupo Soma (SOMA3), dona da Farm e da Animale, tem papéis negociados a R$ 9,04, também em queda em relação ao seu primeiro dia de negociação, quando foi cotada a R$ 11,03.

"A empresa estava bastante tímida em relação ao mercado até ter uma certeza de que tínhamos um plano para o futuro. Mas agora eu diria que esse ciclo novo inclui voltar a falar com investidores e buscar base de acionistas maiores, para trazer mais liquidez ao papel", diz Lima.

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